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Casal Garotinho: sem demérito da atuação da mulher, carreira política dela dificilmente começaria sem a influência do marido. 26 REVISTA DA CAASP celebridades”, pontua, não sem ressalvar: “Algumas vezes elas se revelam melhores políticas ou governantes que os padrinhos, mas sabem que devem o início da carreira ao sobrenome”. O exemplo que a socióloga dá é o da família Garotinho, do Rio de Janeiro. Governador do Estado, Antony Garotinho lançou a esposa, Rosinha, na carreira política, a fez prefeita de Campos de Goytacazes e, depois, também governadora fluminense. Sua filha Clarisse é deputada federal. “Em São Paulo, nesta eleição municipal, tivemos Luiza Erundina, uma exceção, com uma história de lutas comprovada. Marta Suplicy, independentemente de seus méritos pessoais, começou a carreira política em virtude do marido. No Senado, há várias senadoras casadas com políticos”, acrescenta. “No geral, mesmo quando ganham apoio financeiro do partido para lançarem-se em uma candidatura e conseguem se eleger, as mulheres precisam lutar muito para não serem tuteladas pelo partido”, aponta a professora da USP, e desabafa criticando o mau uso da cota feminina obrigatória: “Eu mesmo já fui convidada mais de uma vez para preencher essa cota, e jamais aceitei. Não tenho nenhuma vocação para a carreira política, menos ainda para participar de uma farsa”. A sub-representação parlamentar feminina é notória, mas nesta eleição municipal em São Paulo houve um avanço significativo: o número de vereadoras subirá, a partir de 2017, de cinco para 11, em um plenário de 55 edis. José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, a primeira e única instituição de ensino superior idealizada por negros no Brasil, vê algumas pistas para explicar a sub-representação étnica nas eleições. “Faltam estudos sobre esse fenômeno, mas eu acredito que esteja ligado a três fatores: são poucos os candidatos negros que se apresentam, existe um olhar por parte da população de que as pessoas que têm capacidade para governar não são negras e existe, sobretudo na periferia, uma relação de dependência e afetividade por políticos que são brancos, pois estes, por já estarem há muito tempo no poder, são aqueles que atendem algumas das demandas dos eleitores”, diz José Vicente. ESPECIAL


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