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Luize Tavares, do MPL: “nos propomos a construir uma nova forma de fazer política”. ESPECIAL 24 REVISTA DA CAASP militante do Movimento Passe Livre, que chacoalhou São Paulo nas consagradas Jornadas de Junho, em 2013. “Não apoiamos partido ou candidato. Defendemos movimentos autônomos, acreditamos em uma forma mais popular de fazer política, autogerida”, explica, para em seguida classificar-se como “apartidária, não antipartidária”. Segundo Luize, nenhum militante do MPL saiu candidato nesta eleição municipal. “A história mostra que, sem as pessoas se organizando autonomamente, não teríamos os avanços que conseguimos. Na verdade, como movimento, nos propomos a construir uma nova forma de fazer política. As coisas funcionam quando os políticos são pressionados”, discorre. Em 2013, as ações do MPL foram responsáveis pela revogação de um aumento de tarifa nos transportes públicos na capital paulista. O descrédito dos jovens na política tradicional, na opinião de Maria Victória Benevides, é “avassalador”. A socióloga enxerga, contudo, um contrassenso quando a juventude manifestante afirma não almejar ao poder: “Eles vão às ruas para derrubar uma presidente eleita, criam um movimento nacional de repúdio, e não querem o poder? O que fizeram já lhes deu um poder extremamente importante, assim como quando outros jovens ocuparam escolas em São Paulo”. Para Gustavo Venturi, grupos de atividades culturais engajados, com clara atividade política, não reconhecem a legitimidade do sistema partidário e, portanto, não participam de eleições. Muitos nem sequer votam. “Neste ano, decresceu o número de jovens com direito a Título de Eleitor que foram retirar o documento. Apenas 31% dos brasileiros com 16 e 17 anos que não tinham o Título foram buscá-lo para votar”, cita. Organismos exclusivamente estudantis, como a União Nacional dos Estudantes, têm tradição de engajamento partidário. Dos quadros da UNE sempre saíram políticos que ganhariam votos, eleições e destaque. José Serra, atual ministro das Relações Exteriores, é um deles. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), uma das vozes mais estridentes do Parlamento contra o impeachment de Dilma Rousseff, é outro que ganhou projeção ainda quando líder estudantil. Um dos mais jovens deputados federais da atual legislatura é o paranaense Aliel Machado, da Rede. Hoje com 27 anos, foi candidato pela primeira vez a vereador em Ponta Grossa, sua cidade natal, com 19 anos. Não se elegeu daquela vez, mas na oportunidade seguinte conseguiu não só chegar à Câmara Municipal como


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