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Revista da CAASP - Edição 24

50 REVISTA DA CAASP Comer transtornado. Comportamento que não chega a ser doença, mas pode levar ao desenvolvimento de psicopatologias alimentares. Foi o que aconteceu com Daiana Garbin. Conhecida do telespectador principalmente por suas reportagens em programas jornalísticos da TV Globo, Daiana mantém desde a adolescência uma relação conturbada com o próprio corpo e, consequentemente, com a alimentação. “A primeira vez em que chorei por me sentir gorda eu tinha cinco anos. Mas a guerra começou mesmo aos 12. Meu corpo passou a me incomodar todos os dias. Eu demorava duas horas para me arrumar e, como não conseguia, dizia a minha mãe que estava com dor de cabeça e não saía. Evitava lugares em que eu sabia que teria muita comida”, contou a jornalista à Revista da CAASP. Daiana tinha episódios de jejum quase que absoluto, ingerindo uma maçã ao dia, e momentos de compulsão alimentar. “Dos 14 aos 23 anos, tomei remédios para emagrecer todos os dias. Fazia uso frequente de laxantes e diuréticos. Praticava atividade física por duas horas seguidas. Tentei ficar sem comer - o máximo que consegui foram 24 horas. Tentei forçar vômitos, mas não consegui”, lembra. O vício em medicamentos para emagrecer levou-a à depressão, hoje curada. Mas a obsessão da jornalista por um corpo magérrimo persistiu. Com 1 metro e 70 centímetros de altura, ela diz que sua meta era pesar 50 quilos. O mais perto que chegou foram 57 quilos, o que a frustrou. Só recentemente, em 2015, a jornalista recorreu a ajuda médica. Foi diagnosticada com um transtorno alimentar não-especificado, caracterizado entre outras coisas por uma recorrente perturbação na alimentação ou na forma de comer, aliado a um transtorno dismórfico corporal, síndrome em que há uma discrepância e uma preocupação obsessiva com algum defeito corporal suposto ou de mínima realidade. Hoje com 65 quilos, Daiana alcançou uma relação saudável entre corpo e comida, graças ao tratamento iniciado um ano e meio atrás. Ainda assim, ela confessa: “Tem dias em que eu ainda me sinto gorda, mas tem dias em que me sinto bem. Estou aprendendo a amar o meu corpo como ele e a amar a comida”. Daiana faz acompanhamento psicológico, psiquiátrico e nutricional. Faz ginástica três vezes por semana, permite diferentes tipos de alimentos em seu cardápio – cozinhar ajudou a melhorar sua relação com alimentos. A jornalista tornou pública sua condição em abril deste ano, quando lançou o canal “Eu Vejo com Daiana Garbin” no Youtube, em que ela utiliza a própria experiência como inspiração para tocar em assuntos como anorexia, bulimia, vigorexia e outros transtornos. O primeiro vídeo dela viralizou nas redes sociais: até o fechamento desta edição contava com mais de 210 mil visualizações. “Eu quero ajudar as pessoas e me ajudar”, afirma. Daiana Garbin, luta difícil até alcançar a relação saúdavel entre corpo e comida. SAÚDE


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