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Revista da CAASP - Edição 24

ESPECIAL 42 REVISTA DA CAASP Na missa que celebrou em Roma alguns anos atrás, o padre Paolo Parise leu a descrição que o jornal de um país desenvolvido fez dos imigrantes: “São mal encarados, parecem violentos, as mulheres pedem esmola, os homens vêm aqui para roubar nossos empregos e nossa tranquilidade, não são confiáveis”. O padre lembra que muitos pensaram tratar-se de imigrantes africanos na Europa ou de imigrantes haitianos no Brasil, e todos ficaram surpresos quando Parise disse que esta era a descrição da comunidade italiana em Nova York, no início do século passado. “A gente se esquece de que muitos de nós ou da nossa família já fomos imigrantes alguma vez na vida e, na visão da população local, seja ela qual for, o imigrante, se não for de País rico, é sempre visto com preconceito”, disse o padre, em entrevista à Revista da CAASP. Paolo Parise, da Igreja Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, em São Paulo, é um dos líderes da entidade brasileira mais respeitada na assistência e promoção social dos imigrantes e refugiados, a Missão Paz. Em 13 de julho último, uma quarta-feira, um dia antes de receber a reportagem na sede da Missão Paz, ele esteve com a representante da Organização das Nações Unidas (ONU). “Ela fez muitos elogios ao nosso trabalho. Disse que nunca tinha visto uma entidade como a nossa, com muitos serviços prestados”, disse o padre. A Comissão de Direito do Refugiado, do Asilado e da Proteção Internacional da OAB-SP, presidida por Manuel Furriela, acompanha atentamente a tramitação de um projeto de absorção de pessoas vulneráveis, que tem como foco inicial 20 mil sírios. “O governo interino suspendeu, por ora, as discussões”, informa o advogado, explicando que os trabalhos devem se retomados assim que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff chegue ao seu desfecho. “Para que não se alegue falta de recursos, propõe-se um convênio para que a União Europeia financie a vinda desses estrangeiros para cá”, esclarece Furriela. Quando isso acontecer, roga-se aos brasileiros que façam jus à fama de cordialidade e vão além, mostrando formarem um povo dotado de consciência humanitária. Os números, por enquanto, negam isso: em 2015, as denúncias de xenofobia no serviço Disque 100, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, cresceram 633% ante as registradas em 2014. Foram 330 casos registrados no ano passado, contra 45 no ano anterior. A ESPERANÇA COMO MISSÃO


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