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Revista da CAASP - Edição 24

possível, porque a Portugal Telecom tinha uma experiência muito pequena. Mas, então, por que o BNDES investiu na Telemar? A questão do BNDES foi uma entrada de recursos lá atrás, simplesmente para tentar impor o ingresso de uma operadora internacional na empresa. Depois, teve dinheiro do BNDES em outra história, no episódio de comprar a Brasil Telecom, no governo Lula. Mas isso se anunciava: é um grupo que na sua origem não tinha know-how. Por que o então diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio Oliveira afirmou, àquela época, que o processo de privatização estava “no limite da irresponsabilidade”? A frase dele foi infeliz, porque naquele momento... a privatização movimentou 20 bilhões de dólares, então existia uma necessidade muito grande de financiamento e de garantia. O sujeito, para entrar num leilão, precisa de uma carta de fiança dos bancos, e havia uma demanda muito grande sobre os bancos para pedir essa carta de fiança. Foi em relação a isso que se deu um conflito entre o BNDES e o Banco do Brasil. A Anatel (Agência Brasileira de Telecomunicações) terá agora que regulamentar o setor. O que deve ser feito? O problema é o seguinte: trata-se de um setor que passa por constante revolução tecnológica. Imagine que a regulamentação que foi feita em 1998, quando o telefone fixo ainda era o rei do mercado. Agora, tem algumas cláusulas pétreas da regulamentação feita no passado que não podem ser alteradas, uma delas é que não pod e haver concentração. A privatização no Brasil foi feita sob o impacto da privatização da telefonia no México. No México, eles resolveram vender o monopólio para um investidor, e com isso eles conseguiram transformar um monopólio público em um monopólio privado. Tanto é verdade que o dono da telefonia do México, que é o dono da Claro, Carlos Slim, é um dos caras mais ricos do mundo. Aqui, fizemos assim: nós não vamos permitir que haja concentração. A regra é: não pode haver concentração. Quem é que vai comprar o mercado da Oi? Não pode ser nenhum dos players que estão aqui hoje – não pode ser a Telefônica, não pode ser a American Mobil, não podem ser os italianos. Terá que ser alguém de fora e com know-how, para que não se repita o mesmo erro. Antes de ser ministro das Comunicações, o senhor presidiu o BNDES. Gostaria que comparasse sua linha de gestão com a de Luciano Coutinho, que presidiu o banco durante os governos Lula e Dilma. REVISTA DA CAASP 29 QUEM É QUE VAI COMPRAR O MERCADO DA OI? NÃO PODE SER NENHUM DOS PLAYERS QUE ESTÃO AQUI HOJE ENTREVISTA | UIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS


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