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Revista da CAASP - Edição 24

O Fernando Henrique teve dois problemas graves que afetaram a economia. Primeiro foi o ambiente externo muito negativo, lembremos da crise na Rússia; e depois tivermos o apagão. O apagão realmente foi a causa da queda da atividade econômica, não tinha luz para a economia funcionar, e isso muito próximo da eleição. Aí havia divergência quanto a alguns investimentos que o Ministério da Fazenda não deixou fazer no setor elétrico, e nós tínhamos uma visão de que era necessário fazer esses investimentos. Mas foram divergências pontuais. E depois nós tivemos uma crise na transição, quando o mercado precificou o governo Lula em função do discurso dele, do que ele iria fazer. O chamado “temor Lula” perdeu sentido depois, não? A política econômica do Lula até 2010 seguiu o tripé, e com isso a economia andou. Quem mudou isso e resolveu introduzir uma nova matriz macroeconômica foi a Dilma e a equipe dela. O ministro Guido Mantega também foi idealizador da nova matriz ou foi apenas um cumpridor de ordens? O Mantega... é aquela história, você não mexe em time que está ganhando. A política econômica do Lula estava produzindo resultados extraordinários, ele não teve condições de mexer. Você testa a qualidade de um ministro quando se tem uma mudança de vento, e quando houve uma mudança de vento a performance do ministro Mantega foi deplorável. Ele tomou todas as decisões que não deveria ter tomado, pelo menos no meu ponto de vista. Muito se fala da desindustrialização brasileira. Quando esse processo começou? A desindustrialização brasileira precisa ser olhada de duas visões distintas. Tem um movimento de desindustrialização associado ao progresso econômico do país. A gente sabe, de outras experiências, que quando o país fica mais rico, mais sofisticado do ponto de vista da cesta de consumo, há uma redução da indústria e um aumento dos serviços. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 70% da atividade econômica em serviços e 10% em indústria. O Brasil tinha 40% em indústria, mas isso porque não havia sofisticação na área de serviços. Então, você tem um movimento de redução da participação da indústria associado ao desenvolvimento econômico, à melhora das condições da sociedade, que passa a demandar mais serviços do que comprar bens. Agora, tem um outro movimento, mais crítico, que é o difícil ambiente de negócios REVISTA DA CAASP 27 QUANDO HOUVE UMA MUDANÇA DE VENTO, A PERFORMANCE DO MINISTRO MANTEGA FOI DEPLORÁVEL ENTREVISTA | UIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS


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