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Revista da CAASP - Edição 23

norte a sul, a disponibilidade de livros infantis, comentando, todavia, que muitos professores não estão preparados para utilizá-los com os alunos, até porque, segundo ela, é grande o número de professores que, por serem os primeiros de suas famílias de uma geração alfabetizada, não tiveram na própria infância o trato com a literatura incentivado pelos pais. Para ela, assim como para outros escritores de sua geração, foi o ouvir histórias, e depois o despertar da paixão pela leitura pela descoberta de Monteiro Lobato, o que, ao final, os conduziu a escrever e a contar histórias. Ganhadora de todos os maiores prêmios literários do país, e vários internacionais, Ana Maria Machado é membro da Academia Brasileira de Letras, de que duas vezes foi presidente. Ao se eleger para a Academia, foi a primeira vez que a casa escolheu como acadêmico um escritor com a obra predominantemente dedicada ao leitor infantil. Formada em Letras Neolatinas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também fez estudos de pós-graduação, e professora na mesma universidade, iniciou-se na literatura infantil a partir de um convite recebido da revista Recreio, da editora Abril, que em seus tempos áureos foi uma espécie de celeiro de autores brasileiros de histórias para crianças e adolescentes. Ana Maria Machado começou uma carreira de REVISTA DA CAASP 59 pintora, ao tempo em que estudava, o que a levou a também estudar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no MOMA de Nova York. Em 1969 foi presa pelo regime militar e, a seguir, deixou o país. No exterior iniciou a carreira como jornalista na revista Elle, em Paris, e no Serviço Brasileiro da BBC de Londres. Lecionou na Sorbonne, onde, sob orientação do famoso semiólogo Roland Barthes, defendeu tese de doutoramento sobre Guimarães Rosa; e também na Universidade de Berkeley na Califórnia, e em Oxford. Durante todo o tempo continuou escrevendo histórias infantis, somente publicadas em livro a partir de 1976. Ao voltar ao Brasil em 1972, deslanchou no jornalismo, trabalhando no Jornal LITERATURA Crianças no foco: literatura infantil está longe de ser um gênero literário menor.


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