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Revista da CAASP - Edição 23

oferecer cuidados cirúrgicos gratuitos e de qualidade. Quarenta e duas pessoas, incluindo 14 profissionais dos MSF, 24 pacientes e quatro acompanhantes morreram, outras dezenas ficaram feridas. Em carta publicada no site dos MSF, a cirurgiã filipina Evangeline Cua conta que, quando o bombardeio ocorreu, ela terminara a sexta cirurgia consecutiva e então ouviu tiros e explosões. Logo depois, a unidade já estava em chamas. “O teto começou a desabar sobre nós e as últimas luzes ainda acesas foram apagadas, o que nos submeteu a total escuridão. Eu gritei de medo, cabos me prendiam ao chão”. Evangeline deixou o Afeganistão depois disso. Participou de reuniões de trabalho, consultas com psiquiatras, aprendeu técnicas de meditação e escreveu páginas e páginas de um diário para descarregar todo horror daquela noite. Uma cicatriz no joelho e a memória do horror, contudo, não se apagarão. REVISTA DA CAASP 41 Nos primórdios, as guerras caracterizavam-se pela ausência de qualquer regra além da lei do mais forte. Os vencidos eram mortos ou escravizados. Desde meados do Século XIX tudo isso mudou, graças às ideias de Henry Dunant - o primeiro Nobel da Paz -, que desejava a proteção das vítimas de guerra. Poupar de maior sofrimento os combatentes feridos e os civis que nada têm a ver com os conflitos é norma vinculante do Direito Internacional Humanitário (DIH), fruto das Convenções de Genebra (1863, 1907, 1929 e 1949) e de seus protocolos adicionais (1977 e 2005). A capacidade de manter Renata Reis: “É preciso aplicar sanções aos infratores do Direito Internacional Humanitário”. Centro de trauma do MSF, em Kuduz: buraco de míssil e destruição total. SAÚDE MSF-Brasil


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