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Revista da CAASP - Edição 23

40 REVISTA DA CAASP de comunicação e mais difíceis de serem mensuradas de imediato, ao contrário dos grandes ataques aéreos. Suas consequências, porém, são igualmente letais. A erradicação da poliomielite, por exemplo, sofreu revés em países como o Afeganistão, a República Democrática do Congo e o Paquistão nos últimos anos em decorrência da dificuldade de se garantir a segurança de equipes de vacinação. Há também casos como o do pequeno Fouad, de 9 anos. Dia sim, dia não, Fouad precisa passar por diálise, procedimento indicado a indivíduos que tem a função renal bastante reduzida. O menino palestino vive com o tio Amer Qafeshah, na Cisjordânia. O hospital mais próximo de sua casa que oferece o tratamento fica na parte oriental de Jerusalém. Para chegar ao hospital, Fouad e seu tio passam por postos de controle israelenses, onde devem apresentar uma autorização fornecida pelas autoridades israelenses e torcer para que ela seja aceita pelos soldados. “Algumas vezes é aceita, outras, negada. Fouad tem só nove anos e sua autorização já foi negada três vezes”, conta indignado Amer, no documentário “Assistência à Saúde em Perigo: O Custo Humano”, de 2013, produzido pela Cruz Vermelha como parte do projeto Assistência à Saúde em Perigo (disponível em http://migre.me/u3h64). A violência pode acionar o deslocamento de civis, incluindo profissionais de saúde e suas famílias, para áreas mais seguras. Um balanço do Ministério de Saúde do Iraque informa que 18 mil dos seus 34 mil médicos abandonaram o país entre 2003 e 2006, período compreendido entre invasão americana e britânica ao Iraque e morte de Saddam Hussein. Aqueles que não fogem, como Mohamed Yusuf, diretor do Hospital de Medina, na Somália, têm que conviver com constantes ameaças. “Quando você esta atendendo, e os soldados aparecem, eles dizem: ‘deixa esse aí pra lá e vem tratar este aqui’. E se você não fizer isso, enfrenta problemas”, conta o médico. Era final de tarde no dia 3 de outubro de 2015 em Kunduz, no Afeganistão. O centro de trauma da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras estava em pleno funcionamento quando os Estados Unidos destruíram, por meio de um ataque aéreo, essa que era a única instalação em todo o nordeste do Afeganistão a O menino Fouad: percurso em área conflagrada para fazer diálise. SOLENEMENTE IGNORADAS SAÚDE ICRC Victor J. Blue


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