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Revista da CAASP - Edição 23

Tem-se uma oportunidade única para atuar no sentido de realmente concordar o Poder Público no exercício das suas funções e atribuições. Se isso acontecer, ótimo. Se não acontecer, é porque não houve o necessário policiamento por parte dos membros dos partidos. Operação Lava Jato. O senhor acha, como acham muitos advogados e juristas, que a delação premiada tem sido usada de forma abusiva? Vale muito mais a avaliação das pessoas que atuam dentro desse sistema da Lava Jato. Eu acho que as coisas não estão carimbadas como sendo isto ou aquilo. A delação é uma maneira de se procurar trazer a realidade política para a realidade do dia a dia do Brasil. O maior problema do Brasil é a corrupção ou a desigualdade? As duas coisas, e elas têm relação. Qual sua opinião sobre a recente decisão do STF autorizando o cumprimento de pena após a condenação em segunda instância, portanto antes do trânsito em julgado? É um retrocesso, sem dúvida. É como a decisão sobre o afastamento de Eduardo Cunha: é a determinação de um Poder maior. E eu não acho que o Supremo seja um Poder maior. Estão achando isso, e nós vamos chegar daqui a muito pouco tempo a uma ditadura do Poder Judiciário, se isso continuar. Vamos voltar ao passado. Qual a verdadeira razão de sua saída do PT? Especificamente, eu prefiro não dizer. Mas eu digo que a maneira pela qual o partido conduzia os problemas públicos me levou a sair do PT, que me pareceu muito mais um partido de atuação demagógica. Nos anos 1990, o senhor integrou uma comissão de sindicância interna do PT, ao lado de nomes como José Eduardo Martins Cardoso, Paul Singer, Paulo de Tarso Venceslau e César Benjamin, cujos trabalhos chegaram a conclusões tais que o assunto foi encerrado e nada foi divulgado. O que aquela comissão apurava? A comissão apurava exatamente o uso indevido do poder para enriquecer o partido. Fui eu, praticamente, quem fez a sindicância. Eu não coloquei conclusões definitivas, não me lembro bem ao certo, mas acho que lá estão todos os elementos para mostrar a atuação do partido e dos seu próceres, como Lula. Onde está o resultado dessa sindicância? 14 REVISTA DA CAASP A CORRUPÇÃO E A DESIGUALDADE ESTÃO RELACIONADAS HÉLIO BICUDO | ENTREVISTA


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