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Revista da CAASP - Edição 23

anos frutificou pouco. Ela era extensiva no sentido de que todos os crimes praticados pelas policias militares fossem submetidos à Justiça Comum. Hoje, só os homicídios. E com as pessoas que compõem hoje o Legislativo, isso está cada vez mais distante... É, eu acho que sim. Como o senhor, Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr. dividiram o trabalho de elaboração do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff? Não dividimos, fizemos em conjunto. A redação é produto de seis mãos, mas a formulação final coube a Janaína. Há muitos juristas afirmando que o impeachment de Dilma Rousseff é um golpe parlamentar. Eles são todos petistas? O IMPEACHMENT É UMA AÇÃO RIGOROSAMENTE CONSTITUCIONAL REVISTA DA CAASP 11 Eu não sei. Acho que há muita vaidade pessoal envolvida nesse debate. O impeachment é uma ação rigorosamente constitucional, e que está sendo operada dentro dos limites da Constituição. Não há nenhum motivo para você, do ponto de vista constitucional, alegar que essa questão não está sendo conduzida democraticamente. De qualquer modo, as declarações de voto favoráveis ao impeachment na Câmara não se apegaram a motivos jurídicos, não? Houve louvores a Deus, saudações a familiares, inclusive a um marido que foi preso no dia seguinte... Essa é uma questão da Câmara que eu não discuto. Eu posso dissentir, como muitas vezes dissinto, mas eu acho que é um problema do nosso metier político. Os nossos políticos são esses, e nós temos que atuar com esses políticos que estão aí, que fomos nós que colocamos no Poder. Mas com 50% de empresários, boa fatia de grandes proprietários de terra e uma numerosa bancada evangélica, além de pouquíssimos negros, não se pode afirmar que ali está representada a Nação brasileira, não? Os parlamentares não vêm sendo eleitos por força do poder econômico que financia suas campanhas? Mas nesta questão do impeachment eu não vi, até o presente momento, a intervenção do poder econômico. Eu acho que é uma questão da cidadania. Eu, como cidadão, a Janaína, como cidadã, e o Miguel Reale Jr., como cidadão, achamos que havia necessidade de uma intervenção de cidadãos para que não prosseguisse esse desgoverno que a Dilma preconizava. O então vice-presidente Michel Temer também assinou “pedaladas” quando assumiu interinamente a Presidência, durante viagens ao Exterior de Dilma. Ele também merece sofrer ENTREVISTA | HÉLIO BICUDO


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