Page 27

Revista da CAASP - Edição 20

um dos seus compradores. Mas a Índia não oferta esses medicamentos para a sua própria população. Lá, só se trata quem tem recursos suficientes para comprar a medicação. Aqui não é assim”, compara Basília. O SUS (Sistema Único de Saúde) é o responsável pela gestão e pela distribuição gratuita dos antibióticos contra a tuberculose. Na rede pública de saúde está disponível um teste que identifica se a pessoa está doente em até duas horas. Em favor do Brasil existe ainda outra importante diferença. Aqui, a concentração de renda reduziu-se Marcelo camargo - Agência Brasil / Fotos Públicas Basília, da Fiocruz, aponta a responsabilidade das condições sanitárias Dezembro 2015 / Revista da CAASP // 27 nos últimos anos, como constatou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em estudo publicado em maio de 2015. Melhores condições de vida impactam diretamente na queda dos indicadores de tuberculose. A universalidade do sistema de saúde e o compromisso brasileiro de erradicar a pobreza, com a superação das desigualdades, são exemplos de ação positiva no combate à tuberculose. A OMS coloca o Brasil entre os países que demonstram um substancial declínio no número de casos da doença tuberculose nos últimos 20 anos. A taxa de cura passou de 66,1% em 2001 para 81,2% em 2013, mas, para se começar a falar em erradicação da doença, esse índice deve ser superior a 85%. O percentual de abandono do tratamento passou de 18,2% para 11,6% no mesmo período. A mortalidade é de 4%, taxa considerada satisfatória. No entanto, por mais que se avance no tratamento e as taxas de cura sejam satisfatórias, o Brasil ainda possui um grave problema urbanístico e de aglomeração populacional por resolver. “As pessoas contraem a doença, são diagnosticadas, são tratadas, se curam e voltam a contrair a doença. Por quê? Porque voltam para as mesmas condições de insalubridade de sempre, que são as favelas, os presídios superlotados, a rua”, observa Basília. Localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, a favela da Rocinha é apontada como um dos principais focos de tuberculose do país. Possui uma taxa de incidência de 372 casos por cada 100 mil habitantes - 11 vezes mais alta que a média nacional. As condições precárias de moradia encontradas na Rocinha e outras favelas brasileiras - casas grudadas, pouco arejadas e úmidas, becos estreitos - favorecem tanto a evolução da infecção quando sua transmissão. O combate à tuberculose no Brasil, hoje, vai além das responsabilidades do Ministério da Saúde, que precisa investir fortemente na Tomaz Silva - Agência Brasil / Fotos Públicas Rocinha, no Rio, um dos principais focos de tuberculose no Brasil conscientização da população. Apesar de ser tão antiga, e talvez justamente por isso, a tuberculose é frequentemente esquecida pela população e, às vezes, até pelos profissionais da saúde. “Ainda


Revista da CAASP - Edição 20
To see the actual publication please follow the link above