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Revista da CAASP - Edição 19-

Aos olhos da população, nada importam as contingências internacionais quanto à economia ou as alegações de que a corrupção estaria enfim sendo combatida. Os cidadãos querem ver o retorno dos impostos que pagam e, enquanto isso não acontecer de modo satisfatório, o sentimento antipolítica não arrefecerá. É disso que trata a reportagem de capa desta edição. O absoluto descrédito de governantes, parlamentares e partidos, nítido no dia a dia e confirmado por pesquisas de opinião, tem raízes históricas profundas. Na verdade, a classe política brasileira nunca esteve a serviço do povo – salvo raras exceções –, mas sempre foi eficiente na defesa do seu próprio interesse e no de seus grupos financiadores. Em tal cenário, analistas veem a antipolítica como um movimento crescente de indignação e também de proposição, na busca de novas práticas de gestão pública, de quadros inovadores, da prevalência do mérito sobre o fisiologismo. A antipolítica, portanto, é bem-vinda no sentido acima descrito. O momento, porém, exige atenção e discernimento. Campo de jogo dos espertalhões, a tradicional política brasileira se apercebe do sentimento popular e tenta dele tirar proveito. Em abraços de urso, figuras de passado sombrio influenciam jovens desavisados e lhes inculcam noções desvirtuadas de democracia. O perigo reside na possibilidade de antipolítica e antidemocracia confundirem-se. Estejamos em alerta. A advocacia, como reconhece a História, segue a contribuir para o aperfeiçoamento da democracia brasileira e a solução desta e de todas as crises que surjam no horizonte. Quanto à atual, vale o exemplo da OAB-SP, que realizou o amplo seminário “Saídas para a Crise”, em parceria com a TV Cultura, que se somou à campanha “Corrupção, Não!”. Juristas, jornalistas, cientistas políticos, sociólogos, empresários e economistas debateram a difícil jornada que o Brasil enfrenta. Ouvi-los deu-nos a sensação de que temos, sim, meios de superar esta quadra complicada. Talvez o professor Cortella tenha razão. Fábio Romeu Canton Filho Outubro 2015 / Revista da CAASP // 7


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