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Revista da CAASP - Edição 19-

A Receita Federal calcula que em 2012 foram sonegados R$ 400 bilhões. A evasão fiscal, no Direito, recebe o nome de elisão, que é um nome sutil, suave, para dizer que há mecanismos legais para você não precisar ser tributado. Eu não estou falando da elisão fiscal, admitindo até haver alguns privilégios nessa área, mas da evasão mesmo, porque ela constitui um crime de lesa-pátria. Eu costumo dizer, de maneira exagerada – dificilmente um juiz concordaria comigo -, que toda pessoa que sonega, e que portanto favorece a ausência de saúde pública de referência, de moradia, de transporte, de escolaridade, que essa pessoa no ponto de partida seja processada por tentativa de homicídio. Quem retira condições de vida pratica tentativa de homicídio. Mas você sabe que a palavra crise, em sânscrito, significa purificação. Esta crise por que passamos será altamente benéfica se conseguirmos sair dela com a cabeça erguida e sem que haja uma contaminação de valores que são hoje negativos. Acho que temos hoje um momento como o de Churchill, que disse o seguinte quando a Inglaterra estava sendo atacada pelas bombas V2 na Segunda Guerra: “Coragem! Estamos no fim do começo, não no começo do fim”. O senhor enxergou a diversidade social brasileira nas recentes manifestações de rua contra o governo? Uma parcela dela. Nas manifestações de junho de 2013, aqueles grupos que pediam tarifa zero estavam conectados com partidos da antiga esquerda, portanto era um movimento estruturado. No segundo momento em que foram às ruas, eles receberam a adesão de pessoas insatisfeitas com alguns rumos que o Poder Público, de maneira geral, tomava. Na sequência, no mesmo mês de junho, os democracidas entraram em cena, e esses democracidas trouxeram uma exacerbação tamanha da destruição e da violência que levou a que tivéssemos algo absolutamente negativo. No momento em que eu deixo de levar meu filho a uma passeata, a uma reivindicação, e passo a ficar aterrorizado pelo democracídio, por aqueles que querem destruição, que querem a reação mais exacerbada da força de segurança, isso leva a uma negatividade dessa expressão. Em 2014, isso passou por certo abafamento, por conta do período eleitoral, e o protesto se transferiu para o debate político. Em 2015, tivemos um enfrentamento que levou a autoridade pública, no caso a estrutura de repressão e de controle como a Polícia, a aprender a lidar com algo que outras democracias aprenderam nos últimos 200 anos. Portanto, foi um espaço pedagógico muito forte. Mas essas, em 2015, não foram manifestações de massa como se qualificariam nas democracias mais antigas – foram muito localizadas, não podendo se dizer que houve uma representação do conjunto das classes sociais. Também não foi um movimento só de elite “Crise, do sânscrito, significa purificação” – foi um movimento que teve endereços específicos, mas sempre com o risco representado pelos democracidas, que, de maneira absolutamente ofensiva, se declararam anarquistas. Isso é uma ofensa à ideologia anarquista. Outubro 2015 / Revista da CAASP // 13


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