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Revista da CAASP -Edição 18-

PERFIL \\ “O poeta Paulo Bomfim nasceu de sua infância no Bairro da Vila Buarque; na Fazenda Himalaia, dos meus avôs; na Biblioteca Infantil Municipal da Vila Buarque. Eu nunca pensei em ser escritor. Eu sempre me senti escritor”, conta. Em 1938, no jornal “Voz da Infância” da biblioteca que hoje leva o nome de Monteiro Lobato, o Paulo de 12 anos publicaria sua primeira peça, intitulada “O caminhoneiro e a sombra”. O poema narrava o diálogo entre um caminhoneiro e sua eterna companheira - a sombra. “Todos têm suas amadas / Mas eu as tenho também / Eu tenho amor às estradas / Sejam da terra ou do além!” A trajetória como escritor profissional iniciou em 1947 com a publicação de seu primeiro livro, “Antônio Triste”. A obra de estreia foi prefaciada por Guilherme de Almeida, que na ocasião exaltou o amigo como “o novo poeta mais profundamente significativo da nova cidade de São Paulo”. A pintora Tarsila do Amaral ilustrou o livro. No ano seguinte, Manuel Bandeira, Olegário Mariano e Luiz Edmundo avaliaram a obra e conferiram-lhe o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. Aos 88 anos, Paulo Bomfim tem um longo caminho literário percorrido. São 35 livros publicados que vão da poesia à crônica, todos traduzidos para o alemão, o francês, o inglês, o italiano e o espanhol. No currículo, uma série de honrarias, como o ingresso na Academia Paulista de Letras, o prêmio “Intelectual do Ano” da União Brasileira de Escritores, e o “Troféu Juca Pato” (ao qual concorreram também Darcy Ribeiro e Celso Furtado, em 1981), o prêmio “Obrigado São Paulo” da TV Manchete. Em 2004, o Governo do Estado de São Paulo cria o “Prêmio Paulo Bomfim de Poesia”. Em 2008, pelo conjunto da obra recebe o “Prêmio Literário da Fundação Bunge”. Em 2012, foi agraciado com o “Colar do Mérito Judiciário”, condecoração instituída pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pelos relevantes serviços prestados à cultura jurídica. Afirma encarar cada premiação com “perplexidade”. Chegou a recusar o título de “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, outorgado pela Revista Brasília e que já havia sido dado a Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Olegário Mariano, Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia. “Havia um movimento para Palácio da Justiça, ligado à vida do príncipe dos poetas 32 // Revista da CAASP / Agosto 2015 me eleger ‘príncipe’ e quando me procuraram eu disse: ‘Olha, morreu o último príncipe (Guilherme de Almeida, poeta e amigo de Paulo Bomfim falecido em 1969). Deve ser proclamada a República em nossas letras’”, lembra. Mas em 1991 rendeu-se à Monarquia “por conta dos desmandos da atual República”. O príncipe e seu palácio A história do príncipe da poesia brasileira está intimamente ligada ao prédio do Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo. Paulo Bomfim é funcionário antigo do TJSP, mas sua relação com o edifício idealizado pelo arquiteto Ramos de Azevedo vem da infância. “O meu pai tinha um consultório médico na Rua Venceslau Brás e sempre vinha conversar com Ricardo Severo (engenheiro sócio de Ramos de Azevedo na construção do edifício. Assumiu a obra após a morte do arquiteto), sogro do meu tio Armando Lébeis. Meu tio, Theodomiro Dias, foi o único advogado que até hoje chegou a presidência do TJSP”, conta. Arquivo OAB/SP


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