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Revista da CAASP -Edição 18-

Revolução de 32, capítulo inesquecível Agosto 2015 / Revista da CAASP // 31 “Militarmente, 32 foi um desastre. Politicamente, foi outro desastre. Agora, a parte que cabe ao povo, essa é sagrada - a reação da mulher paulista, a mocidade toda partindo para o front por seu amor a São Paulo, à democracia, à lei, contra a ditadura. Lembro que disse a Maria Adelaide Amaral que São Paulo em 32 era um só corpo, uma só alma e um só coração. Depois, ela colocou o título de sua minissérie de ‘Um só coração’ (minissérie da Rede Globo exibida em 2004 em comemoração aos 450 anos da cidade, assinada também por Alcides Nogueira. Paulo Bomfim foi personagem da trama). “Eu conheço São Paulo de cor, e de cor quer dizer de coração”, ressalta. O compromisso em exaltar o que de mais simples e mais facilmente visível há na terra natal é reafirmado constantemente em sua obra. “Insólita Metrópole” (2013), seu último livro publicado, começa com a seguinte exclamação: “Minha Insólita Metrópole, capital de todos os absurdos!”. E termina com apaixonada declaração de amor:“Mal-amada cidade de São Paulo, EU TE AMO”. O homem que encarna a poesia O príncipe dos poetas brasileiros é um homem esguio, de rosto afável como o de um menino. A voz, por outro lado, é empostada como a de um locutor. Sua majestade é simpática, bem-humorada, modesta, voluntariosa e, principalmente, inquieta, mesmo aos 88 anos. Veste-se de maneira sóbria. Não foge de nada, tampouco dá voltas. Fala de forma sucinta, direta e conclusiva. Acostumada a escolher as palavras, conversa como quem passeia pela poesia. A poesia de Paulo Bomfim é clássica. Não carrega traços modernistas, apesar da intensa convivência do poeta com os modernistas e de seus versos serem tão atuais. “Uma vez me perguntaram se sou saudosista. Respondi que sou um homem de bom gosto”, diz. Quando criança, ele conheceu o futuro zoólogo e compositor de “Ronda”, Paulo Vanzolini, com o poeta Ciro Pimentel, o futuro físico Cesar Lattes e Monteiro Lobato – este último, seu escritor favorito na infância. No casarão dos avós maternos, aconteciam saraus músico-literários que contavam com as tias Cecília e Magdalena Lébeis e intelectuais como Olavo Bilac e Alberto de Oliveira. Ali conheceu também os poetas Guilherme de Almeida, Vicente Carvalho e Mário de Andrade, a pianista Guiomar Novaes, o compositor Heitor Villa-Lobos, o pintor Clóvis Graciano e o médico Martins Fontes. “Confesso que eu não tinha a menor noção da grandeza e da importância das pessoas com quem convivi. Agora que eu consigo perceber: ‘Poxa, eu convivi com Mário de Andrade!’, ‘Poxa, a Anita Malfatti fez um retrato meu!” Monteiro Lobato, influência na infância WEB


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