\\ 30 // Revista da CAASP / Agosto 2015 Cristovão Bernardo O príncipe dos poetas brasileiros PERFIL Numa tarde fria o poeta Paulo Bomfim – consagrado como “o príncipe dos poetas brasileiros” – sentou-se na poltrona de couro preto do seu gabinete no segundo andar do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atendeu a algumas ligações, suspirou de maneira quase imperceptível e se preparou para uma entrevista à Revista da CAASP. Para ele sem dúvida um bom dia para falar a repórteres. Era véspera do 9 de Julho, dia em que se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932, assunto que o poeta conhece bem. Tinha apenas seis anos quando ao movimento eclodiu, mas suas lembranças daqueles dias estão bastante vivas. De sua casa viam-se os aviões da ditadura Vargas - “os vermelhinhos” - bombardearem o Campo de Marte. Um dia depois da noite de 23 de maio, em que foram mortos, entre outros, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, o pequeno Paulo visitou com o pai o palco da tragédia - a Praça da República. “Lembro muito bem daquele dia: as árvores todas cravejadas de bala, os lampiões apagados, um veículo virado que serviu de trincheira, muito sangue pela calçada.” Apaixonado pelos ideais constitucionalistas de 32, ao longo da vida o poeta foi recolhendo objetos que ajudassem a contar esse capítulo da História do Brasil: uniformes, granadas, partituras de hinos, capacetes. Todas as peças foram doadas para o Espaço Cultural Poeta Paulo Bomfim, inaugurado em 2009 ao lado de sua sala no TJSP. Tratou também de imortalizar a revolução em sua obra. “Ó jovens de 32! / Voltai daquelas trincheiras / Voltai de vosso martírio / Voltai com vossos ideais” por Karol Pinheiro WEB
Revista da CAASP -Edição 18-
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