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Revista da CAASP -Edição 18-

A senhora ainda é uma interlocutora frequente da presidente Dilma? Eu converso com ela assim como converso com o governador Alckmin e com o prefeito do Rio de Janeiro, este último porque sou voluntária do Comitê Olímpico (na semana seguinte à entrevista, Luiza Trajano foi nomeada por Dilma Rousseff presidente do Conselho Público Olímpico, em substituição ao ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles). Eu sou interlocutora porque o Brasil é meu também, não é só deles. Então, quando puder estar junto, eu ajudarei. Você considera a corrupção o maior problema do Brasil? A corrupção é um problema do mundo. Ocorre que todo tipo de corrupção está vindo à tona em muitos países, não só no Brasil. É como uma ferida: se não furar, não vai dar certo. Não acho que a corrupção seja nosso maior problema. Acho que é um problema de uma sociedade capitalista que cada vez quer ter mais e mais. De qualquer modo, o povo se sente contemplado quando vê poderosos na cadeia, não? Eu acho difícil julgar qualquer situação neste momento. A única coisa que eu posso dizer é que a falta de ética está no fim de um ciclo, mas é muito difícil julgarmos empresários que estão gerando empregos, que poderiam estar vivendo de juros mas estão investindo, sem conhecermos os processos. Eu prefiro não julgar. Agora, a falta de ética, de modo geral, que está em todos os lugares, está chegando ao fim. Estão vindo à tona coisas que nunca vieram. Isso é um bom sinal. A senhora é sempre relacionada entre os empresários mais influentes do país. Uma mulher nesse rol significa uma inflexão no meio empresarial brasileiro? Pelo menos temos um grupo de mulheres no Brasil que está lutando muito para isso. O papel da mulher em qualquer conselho, em qualquer coisa, dá um equilíbrio muito grande. Eu vejo, onde estou, que isso ajuda bastante. E quanto à adoção de cotas femininas em cargos executivos nas empresas, qual sua opinião? É uma luta minha, mas eu quero, primeiro, deixar bem claro o que vem a ser cota. Cota é um processo transitório para acertar uma desigualdade. Eu não estou nem defendendo por mim, porque eu sou acionista aqui, mas as minhas colegas vão levar um século para terem 10% de participação em conselhos administrativos. Isso é estatístico. Por outro lado, as estatísticas também mostram que os países que conseguiram instituir a cota melhoraram muito o nível de gestão. Então, eu sou muito a favor de cota como processo transitório, até porque eu acho que esta geração de mulheres não pode esperar 80 anos para ocupar um cargo executivo. Seria muito bom para o mundo que existisse equilíbrio entre masculino e feminino. Repito: cota é um processo transitório. Primeiro, eu quero apoiar cota para mulheres em conselhos; depois a gente vai cuidar de cota para mulheres em cargos administrativos. Agosto 2015 / Revista da CAASP // 11


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