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Revista da CAASP -Edição 18-

\\ EENNTTRREEVVIISSTTAA Então o Magazine Luiza continua expansionista, mesmo neste momento econômico do país? Sim, e não só o Magazine Luiza. Todas as empresas sócias do IDV mantiveram seus investimentos, até porque já tinham alugado ou comprado pontos, e mantê-los parados agora seria pior. Então, todos nós do varejo – meus colegas Riachuelo, Renner, Ponto Frio e outros – continuamos investindo nos pontos e aumentando lojas. Nós não botamos o pé no freio do investimento. A senhora continua otimista, não? Fotos Ricardo Bastos Não, eu não continuo otimista. Há uma diferença entre ser otimista e buscar alternativas. Eu sou uma empreendedora, e uma empreendedora procura fazer da crise um sinal de oportunidade. Eu sou uma pessoa que pensa positivamente e age positivamente. Não adianta ficar reclamando. Estamos buscando alternativas para vender mais. Vamos reconhecer que estamos num momento difícil economicamente. De qualquer modo, o cenário é tão ruim quanto afirmam os grandes veículos de imprensa? Eu acho que temos um déficit público grande, que tem de ser enfrentado. Eu acho que temos uma inflação com a qual não estávamos acostumados nos últimos anos. Acima de tudo, esse aumento do juro para conter a inflação é um perigo, porque desaquece o mercado. Mas acho que também há muitas notícias boas que não estão sendo dadas. Eu viajo por este Brasil e vejo coisas maravilhosas, pessoas montando coisas novas. Eu acho que o viés negativo, e sempre negativo, começa às 5 horas da manhã, hora em que começamos a ver o noticiário nos jornais ou no smartphone. Eu acho que as pessoas estão cansadas disso também. O que é mais importante para o país no momento, a reforma política ou o ajuste fiscal? O ajuste fiscal que está aí, principalmente na parte trabalhista, é uma coisa muito justa. Ninguém quer ter um filho de 20 anos que trabalha seis meses e quer ficar outros seis meses desempregado. Nós, do varejo, que somos geralmente o primeiro emprego, vemos o turnover de pessoas que ficam seis meses, fazem tudo para serem mandadas embora, vão para a informalidade... eu era até a favor de um ano em meio, mas esse um ano que foi aprovado (tempo mínimo para requisição de seguro-desemprego) é uma coisa boa. Agora, o aumento de impostos versus a não contenção de gasto é que assusta a gente. Mas todas as medidas trabalhistas foram importantes, como no caso dos pescadores e dos aposentados. Então, a reforma trabalhista tem muita consistência, e a reforma fiscal vai ajudar no curto prazo, mas não resolve estruturalmente. 10 // Revista da CAASP / Agosto 2015 “No varejo não há demissão em massa como na indústria”


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