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Revista da CAASP -Edição 17

na campanha da Marina quanto na do Aécio em relação ao cenário econômico, à energia e a diversos temas. Quando ela assumiu, fez tudo que criticava. A Dilma falava que as posições econômicas da Marina iriam tirar comida do prato do povo, e acabou tomando medidas econômicas ainda mais duras que as que eram propostas pela Marina e pelo Aécio. Ela mentiu. Junho 2015 / Revista da CAASP // 9 Quais seriam essas medidas “mais duras”? O próprio conjunto das medidas do ajuste fiscal, além da proposta da terceirização, que não é do governo, mas encontra na Dilma uma posição ambígua. A presidente está encurralada? Eu não diria que a presidente Dilma está encurralada, mas ela delegou a economia ao Joaquim Levy e a política ao Michel Temer. Então, eu acho que no caso de duas áreas fundamentais do governo, ela, que é uma pessoa muito centralizadora, delegou a essas duas pessoas e está tentando articular o que é possível. O que propunha exatamente, em termos fiscais, o provável ministro da Fazenda de Marina Silva, Eduardo Gianetti? Eu prefiro não responder sobre economia. Você foi a coordenadora geral da campanha de Marina Silva à Presidência, mas quais pontos do programa de governo ficaram mais especificamente em suas mãos? Os pontos relacionados às políticas sociais, políticas de educação, cultura, saúde, todas as questões relacionadas às minorias, que têm a ver com direitos humanos de forma geral. A parte de política econômica e da política mesmo, da relação do Estado com a política, ficou com o Maurício Rands. Como e quando você, herdeira do Banco Itaú, começou a se preocupar com questões sociais? Não se pode afirmar que a elite econômica brasileira tenha essa preocupação que você demonstra ter, não? Toda minha trajetória de 30 anos é um trabalho dentro dessa área. Eu não comecei agora. Me formei em Ciências Sociais na USP, fiz mestrado na USP, depois fiz doutorado na PUC em Psicologia da Educação. E eu, desde os anos 70, trabalho na área social, na área de educação. Criei o Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária) em 1987, instituição que, portanto, atua há 28 anos na educação pública. Acho que eu sempre tive essa sensibilidade com as questões sociais, desde o momento em que escolhi fazer Ciências Sociais, e sempre tive na minha educação, na minha família, uma abertura muito grande para discutir e assumir posicionamentos diferentes.


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