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Revista da CAASP - Edição 13

ENTREVISTA \\ “A CPMF botou a claro a sonegação no país, por isso foi tão combatida” Adib Domingos Jatene não carrega bandeiras partidárias, muito menos se posiciona em períodos eleitorais. Talvez por isso seu prestígio seja suprapartidário: ministro da Saúde de Collor e Fernando Henrique, ajudou Lula a lutar pela manutenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a famigerada CPMF. Foram derrotados, como se sabe. Nesta entrevista ao editor da Revista da CAASP, Paulo Henrique Arantes, Jatene explica como o imposto por ele criado escancarou a sonegação praticada pelas microempresas. A excelência do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP e do Hospital do Coração, em São Paulo, tem as impressões digitais de Adib Jatene, médico que disputa com Euryclides de Jesus Zerbini o título de mais importante cardiologista do Brasil. O que essa autoridade médica e administrativa – idolatrada por seus pares - tem a dizer sobre o programa “Mais Médicos”, a abertura indiscriminada de faculdades de medicina, a formação atual dos médicos brasileiros (“a tecnologia afastou o médico do doente”), as filas do SUS e os preços dos planos de saúde? Nas linhas a seguir, o médico e ex-ministro de 85 anos que dirige o Hospital do Coração responde a essas e outras questões. Critica, revela, analisa. No final, define-se como um otimista: “Evoluímos muito. O que era uma Santa Casa há 40 anos? Era 8 // Revista da CAASP / Outubro 2014 um depósito de doentes”. Revista da CAASP - Os serviços públicos de saúde no Brasil hoje são melhores que nos anos 70 e 80, antes da Constituição de 88 e do SUS, portanto? Adib Jatene - Eu acho que são melhores, mas tem um viés que dificulta um pouco a avaliação. É que nesse período se incorporou uma tecnologia que não é acessível a todas as pessoas. Em vista disso as pessoas ficaram com dificuldade para obter vários recursos, e a sensação de que não são bem atendidos permanece. Essa é a questão. Na verdade, os serviços públicos hoje são melhores do que no passado, mas as queixas são maiores, porque o indivíduo quer os novos recursos e não consegue obtê-los. E como isso se resolve? Apenas com financiamento? O financiamento é uma parte importante, mas vamos à história. Os planos de saúde começaram aqui em São Paulo em 1956, mas se tornaram mais conhecidos em 1960, com a chamada medicina


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