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Revista da CAASP - Edição 13

SAÚDE \\ sob quarentena. “Foi um dos momentos mais preocupantes, pois começou a juntar muita gente no local, todos querendo nos ajudar”, relatou Prado. “É cruel essa situação, porque eram pessoas muito gentis, que estavam nos ajudando e, ao mesmo tempo, nós estávamos morrendo de medo daquelas pessoas”, lembrou Patrícia. O agente patogênico do Ebola não é particularmente resistente, segundo a especialista da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Trata-se de um vírus facilmente morto por sabão, água sanitária, sol ou ambientes secos”, afirma Sylvia Hinrichsen. A origem da atual epidemia foi rastreada por cientistas do Broad Institute of MIT and Harvard. Eles concluíram que a fonte originária foi o funeral de um curandeiro da Guiné, em uma região perto da fronteira com Serra Leoa. Os cientistas também descobriram que o atual vírus sofreu modificações genéticas em relação ao causador dos surtos anteriores. O estudo foi publicado na revista cientifica Science, no fim de agosto. Cinco dos 58 autores do artigo contraíram o vírus Ebola e morreram antes da publicação. “Por questões culturais, em algumas comunidades rurais africanas, durante as cerimônias fúnebres, os enlutados têm contato direto com o corpo da pessoa falecida e sem qualquer tipo de proteção. O morto, se infectado pelo Ebola, é uma importante fonte de transmissão”, explica Hinrichsen. Vacina em 2015? O tratamento do Ebola é paliativo. Ainda não há procedimentos específicos ou vacina contra a doença, mas várias drogas, neste momento, estão sendo analisadas como potenciais instrumentos de contenção da infecção. A droga experimental mais utilizada para tratar vítimas do Ebola atualmente é o Zmapp, mas sua eficácia e segurança ainda não foram testadas em humanos adequadamente. O medicamento é uma mistura de três anticorpos que se prendem às proteínas do vírus e ativam o sistema imunológico para que este o destrua. A droga curou 18 macacos de laboratório infectados. Macacos que ficaram sem tratamento durante cinco dias depois da infecção sobreviveram após receberem a medicação. Nenhuma outra terapia experimental contra o Ebola teve sucesso em primatas quando aplicada tanto tempo após a contaminação. Médicos americanos que contraíram Ebola na Libéria foram curados depois de receber o Zmapp, mas não é possível afirmar com certeza se o medicamento foi o responsável pela cura, já que outro médico infectado, este um liberiano, morreu mesmo tendo recebido a droga. Igual destino teve um padre espanhol. 32 // Revista da CAASP / Outubro 2014 Arquivo S. Hinrichsen Sylvia Hinrichsen: “o vírus é facilmente morto por sabão”


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