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Revista da CAASP - Edição 13

O Ebola é um dos vírus mais letais do mundo. Segundo especialistas, sua taxa de letalidade entre contaminados pode chegar a 90%. A OMS já alertou que o número real de casos pode ser de duas a quatro vezes maior do que o oficialmente contabilizado e que levará meses para a epidemia ser controlada. Até que esse dia chegue, o número de infectados pode chegar a 20 mil. Isso sem contar um surto em menor escala da doença na República Democrática do Congo, cujo vírus foi identificado como sendo de uma cepa diferente e, por isso, não incluído na estimativa da organização. A epidemia do toque Arquivo J. R. Alves Alves, do Emílio Ribas: “a doença atingiu centros urbanos” Outubro 2014 / Revista da CAASP // 31 “O que realmente difere o atual surto de Ebola dos já ocorridos (em 1976, no Congo e no Sudão; em 1995, novamente no Congo; em 2000, em Uganda; em 2007 no Congo e em Uganda) é que neste a doença atingiu grandes centros urbanos e, de forma muito rápida, alcançou três países, enquanto os anteriores ocorreram em populações estritas e as medidas de contenção das aldeias foram suficientes para impedir a propagação da doença”, analisa o infectologista Jessé Reis Alves, coordenador do Núcleo de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas. “O vírus Ebola não é transmitido pelo ar”, ressalta a infectologista Sylvia Hinrichsen, Coordenadora do Comitê de Saúde do Viajante da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A transmissão do ebola se dá apenas pelo contato direto das mucosas (boca, nariz e olhos) e/ou de feridas na pele com os fluidos corporais ou secreções (sangue, fezes, saliva, sêmen, suor) de pessoas infectadas que já estejam manifestando sintomas da doença, que são principalmente febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta, seguidos por vômitos, diarreia, disfunção hepática, erupção cutânea (bolhas), além de insuficiência renal e, em algumas situações, hemorragias internas e externas. “Basta ter febre associada a mais algum desses sintomas para ser um caso suspeito da doença”, observa Alves. O fotógrafo Avener Prado, que esteve em Serra Leoa, o segundo país mais afetado pelo Ebola, para realizar uma cobertura de dez dias, em agosto, ao lado da repórter Patrícia Campos Mello (leia box), conta o quão difícil é evitar gestos banais do dia a dia. “Era meio torturante controlar os impulsos de ver uma pessoa e cumprimentá-la dando mão, ou não levar a mão à boca, ao olho, lavar às mãos a toda hora”, contou Prado em seminário promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, que a Revista da CAASP acompanhou. Ao tentarem chegar ao hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Kailahun, centro de tratamento de Ebola em Serra Leoa, os repórteres ficaram atolados em uma estrada de terra de uma área isolada e


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