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Revista da CAASP - Edição 13

SAÚDE \\ O Ebola e a epidemia do medo “Estamos sensibilizados e atentos. Felizmente, a doença não está aqui, por enquanto”. Foi com essa declaração que o jovem Amara Koné, de 23 anos, classificou a situação de seu país, a Costa do Marfim, em entrevista concedida à Revista da CAASP via chat, no dia 22 de agosto. O país de 22 milhões de habitantes da África Ocidental até então não tinha casos de Ebola confirmados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O temor era grande devido à fronteira com a Libéria, um dos países mais afetados pela doença. Desde o início da epidemia, que já infectara mais de 7 mil pessoas em Guiné, Serra Leoa, Libéria, Nigéria e Senegal e matara mais de 3.300 até 1 de outubro, o medo dos marfinenses só aumenta. Em 30 de setembro foi diagnosticádo o primeiro caso da doença nos Estados Unidos. Esta é a maior epidemia de Ebola desde o descobrimento do vírus, em 1976. O governo da Costa do Marfim proibiu o consumo de carne de animais silvestres, que se acredita seja um vetor de contaminação, fechando todos os mercados da região que comercializavam esse tipo de alimento. “Pedem para que evitemos cumprimentar as pessoas tocando-as e para que limpemos as mãos com frequência”, relata Koné, que por morar em Abidjan, maior cidade e capital econômica do país, dispõe de recursos tecnológicos que o ajudam a se informar sobre a real situação do Ebola. Marc-Andre Bolsvert/IPS Já nas aldeias isoladas, são os subprefeitos e os agentes comunitários os responsáveis pela difusão das informações. Desde que os primeiros casos de Ebola foram notificados na Guiné, em março de 2014, reuniões têm sido feitas em aldeias da Costa do Marfim para explicar à população como se contrai o vírus e como reconhecer os sintomas básicos da doença por ele causada. Para tentar impedir a disseminação do vírus pelo seu território, o governo marfinense fechou suas fronteiras com os países vizinhos afetados pelo vírus, suspendeu os voos de sua companhia nacional, a Air Côte d’Ivoire, para e a partir daqueles países e criou centros avançados de detecção do Ebola. 30 // Revista da CAASP / Outubro 2014 Reportagem de Karol Pinheiro Na Costa do Marfim, apreensão


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