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Revista da CAASP - Edição 13

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Quando se está envolvido em uma problemática desse tipo, é preciso paciência. Criticar não resolve, é preciso procurar solucionar. Eu tenho grande experiência nisso. Quando surgiu a válvula cardíaca artificial, ela não existia aqui, nós não conseguíamos comprar, era muito cara. Fabricamos a válvula no Dante Pazzanese, mas cometi um erro: como eu não tinha nenhum interesse em lucro, eu fiz pelo preço de custo com um pequeno acréscimo. Seis anos depois eu fui visitar a fábrica que fazia a válvula de quem eu havia copiado – eles eram uma potência, e eu estava do mesmo tamanho, brigando com a Secretaria. Foi aí que eu entendi como é o sistema capitalista. No sistema capitalista, quando você faz alguma coisa, o valor que você põe nessa coisa não tem relação com o que ela custa. O valor é para garantir o desenvolvimento futuro, de maneira que, se você não pensa nisso, você quebra. Por isso que os laboratórios, quando lançam um produto, botam o preço lá em cima. Dizem que custou muito desenvolver o produto, mas isso é balela. Como o senhor analisa a atual crise da USP? A que se deve a situação a que a universidade chegou? A crise da USP é um problema complicado. A USP, a Unicamp e a Unesp passaram a receber parcela do ICMS - 9,5% - e viveram muito bem com isso. Agora, se você tem redução da arrecadação do ICMS, você reduz os repasses às universidades. E a única fonte de recursos às universidades é o ICMS. Em 1966, José Goldenberg era reitor da USP. Estávamos discutindo o que fazer com o Hospital das Clínicas, se ele ia passar para a universidade ou ficar como estava, porque o HC era do Governo do Estado, ligado à Casa Civil. O HC tinha um entendimento com a Faculdade de Medicina pelo qual os professores titulares da faculdade eram chefes dos serviços correspondentes no hospital, sem que a faculdade pusesse dinheiro dentro do hospital. Eu perguntei ao professor Goldenberg qual era o orçamento da USP: naquele ano o orçamento da USP era exatamente igual ao orçamento do Hospital das Clínicas. A partir do governo Quércia, que foi quem estabeleceu os 9,5% do ICMS para as três universidades, a USP passou a receber os recursos de acordo com o desenvolvimento da economia, e o Hospital das Clínicas continuou amarrado ao sistema de disputar recursos. Hoje, o orçamento da USP é quase três vezes o orçamento do HC. Agora, fizeram a USP Leste... aí é um problema de perspectiva dos recursos que você tem e como você vai aplicá-los. Precisa usar direito. 18 // Revista da CAASP / Outubro 2014


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