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Revista da CAASP - Edição 13

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Atendimento à Saúde). Ele não quis. Então eu falei com o governador Mário Covas e com o secretário estadual da Saúde, José Guedes, e nós fizemos dois módulos – um na Vila Nova Cachoeirinha, com 19 equipes, outro em Sapopemba, com 33 equipes, mas em cada um desses módulos nós colocamos uma equipe de especialistas a quem os médicos de família recorriam, interagindo. Em 1999, eu decidi fazer um estudo aqui na cidade de São Paulo, que tinha 10 milhões de habitantes e estava dividida em 96 distritos. Eu peguei os 170 hospitais, fui na Fundação Seade para localizar os hospitais nos respectivos distritos, depois eu dividi em dois grandes grupos. Os distritos que tinham mais de três leitos por mil habitantes e os que tinham menos. Eu encontrei 25 distritos que tinham mais de três leitos por mil habitantes, que na média tinham 13 leitos por mil habitantes. Só que nesses 25 distritos moravam 1,8 milhão de pessoas. Depois, eu tinha 71 distritos onde moravam mais de 8 milhões de pessoas, com 0,6 leitos por mil habitantes. Então, há áreas totalmente descobertas. Como é que você vai equacionar e solucionar o problema de saúde da população? Brasilândia é um distrito que tem perto de 300 mil habitantes. Eu insisti com o Kassab (então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab) para que ele construísse um hospital na Brasilândia. Cheguei a ir ver o local, mas não consegui que fosse feito. Agora, quando o Haddad (atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad) entrou, eu fui conversar com ele, levei esses dados que acabo de lhe dizer, e mostrei a ele que isso era uma realidade incontornável, que ele precisava resolver isso. Se eu tenho áreas com 300 mil habitantes sem nenhum leito... por isso é que os prontos-socorros estão superlotados. É claro! O senhor disse que nós estamos formando especialistas, e não médicos no sentido mais generalista. A nova lei do currículo de medicina estabelece dois anos de estágio em serviço de atenção básica. Isso não vai na linha do que o senhor defende? Todas as faculdades que se instalam chamam a atenção para a falta de médico. Acontece que, tão logo se formam, eles saem, eles vêm buscar residência médica na região Sudeste. Então, eu digo: se você fizer dois anos para que o indivíduo que estuda em determinado Estado ficar nesse Estado durante dois anos, sendo supervisionado por sua escola, resolve-se o problema. Se as faculdades estivessem distribuídas de maneira equilibrada, seria possível cada uma deles cuidar de determinada área. Então, a medida funcionaria se as faculdades tivessem compromisso e formassem o pessoal para atender a população. 14 // Revista da CAASP / Outubro 2014 “Há áreas totalmente descobertas em São Paulo”


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