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Revista da CAASP - Edição 13

Outubro 2014 / Revista da CAASP // 15 Então, o sentido do novo currículo está correto, mas falta o aparato. Exatamente. A Associação Médica Brasileira afirma para seus membros que a classe carece de força junto ao Congresso Nacional. Por que os médicos, profissionais tão respeitados, não contam com uma bancada que defenda seus interesses no Parlamento? Isso é complicado. Veja, um deputado que nesta legislatura fez muito pela classe médica e a saúde foi o Eleuses Paiva, que tinha sido presidente da AMB, mas nesta eleição ele não é candidato. Por quê? Porque o partido dele (PSD) está com a Dilma e durante quatro anos ele ficou batendo no governo. Ele não tem como subir no palanque da presidente. O governo tem muita força e todas as medidas tendentes a solucionar um problema, obrigatoriamente, comprometem um volume de recursos que nós não temos disponível. E por que não temos? Porque nós fizemos uma urbanização muito acelerada. Se você olhar a constituição da população em 1950, nós éramos 51 milhões de habitantes, todas as cidades brasileiras somadas tinham 18 milhões de habitantes. Hoje, todas as cidades brasileiras somadas têm perto de 180 milhões de habitantes. Então, foi um prazo muito curto, uma urbanização muito acelerada, não deu tempo de arrumar as coisas. Quando eu estava na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Mauá tinha 100 mil habitantes, nos anos 70. Na década de 80, já tinha 205 mil habitantes. De maneira que, na minha avaliação, a nossa dificuldade vem daí. Você veja: quando se fez a Catedral Notre Dame, de Paris? Foi no ano de 1200 – nós não existíamos. Em 1889, quando se construiu a Torre Eiffel, a França tinha 33 milhões de habitantes, hoje a França tem 65 milhões. Nós, naquela época, tínhamos menos de 10 milhões de habitantes, e hoje temos 200 milhões! A cidade de São Paulo naquela época tinha 65 mil de habitantes, hoje tem 12 milhões! Nós queremos as coisas, mas não há volume de recursos suficiente para fazê-las. Ficam discutindo que se precisa de 10% dos recursos brutos da União para a saúde. Ora, se você pegar o orçamento de 2011, os recursos compromissados – dívida, serviço da dívida, transferências para Estados e municípios, pessoal, encargos da União, Previdência – representam quase 90%. Sobram 10%. Como é que eu vou dar 10% para a saúde? Qual é o caminho? O caminho é ter paciência e ir arrumando. E nós estamos progredindo. O Programa de Saúde da Família hoje já cobre 60% da necessidade. A cidade de São Paulo deveria ter 2.400 equipes, tem 1.200. Há muitos municípios que já estão com cobertura muito boa, já têm água encanada e tratada para


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