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Revista da CAASP -Edição 12_-

SAÚDE \\ que transporta dados de um neurônio para outro) em crianças que sofrem de Pelizaeus-Marzbacher (PMD, na sigla em inglês), doença degenerativa bastante rara. O transplante não apresentou rejeição e indicou “modestos avanços” nas habilidades motoras dos pacientes. Genaro Joner/Agência RBS Em quanto tempo as terapias com células-tronco serão oferecidas às pessoas? Para a pesquisadora Lygia Veiga Pereira, a pergunta é delicada, já que os rumos dos estudos são incertos. “É preciso ter otimismo”, pondera, ao passo que cobra rigor dos meios de comunicação, que servem como “instrumento na disseminação dos avanços da ciência”, para fugirem da espetacularização quando forem anunciar as novas descobertas científicas. “É preciso rigor para não dar à notícia dimensões que ela ainda não tem. Por exemplo, se hoje um estudo for divulgado informando que um paciente com doença cardíaca foi tratado com células-tronco e está curado, o avanço pode ser considerado legítimo, mas em termos de estatística não significa nada. Mas, se um veículo supervalorizar isso, aquele leitor que lê unicamente manchetes acreditará que as células-tronco já estão tratando doenças, quando na verdade ainda não estão. Isso representa não só desinformação, como um risco para a saúde desse paciente, que pode sair a buscar tratamentos e encontrar charlatães”, alerta. Espera-se que dentro de alguns anos sejam colhidos os frutos de toda a pesquisa básica e clínica já feita com os diferentes tipos de células-tronco de modo a, muito provavelmente, tratar-se infarto, leucemia, diabetes, Mal de Parkinson e cegueira. Fraudes, plágios e erros Apesar do rigor que um trabalho científico exige, fraudes são mais comuns do que se pensa. A revista científica PLoSOne contabilizou que, de 2003 a 2012, 1.333 artigos exigiram retratação, o dobro do registrado de 1973 a 2002. O número corresponde somente aos casos denunciados, investigados e comprovados. O debate sobre as causas das fraudes ainda é especulativo. Acredita-se que a pressão competitiva para publicar e obter recursos seja a responsável. Em julho de 2014, a revista científica Nature retratou-se em relação à publicação de um estudo que, se verdadeiro, revolucionaria a produção de células-tronco embrionárias. O trabalho da pesquisadora japonesa Haruko Obokata, do Instituto Riken de Biologia do Desenvolvimento, em Kobe, afirmava ser possível reprogramar células animais maduras de camundongos para um estado semelhante ao embrionário, por meio de uma simples imersão das células em uma solução ácida. Os resultados ofereciam a promessa de que células humanas poderiam no futuro ser reprogramadas como células embrionárias, de forma simples e barata. 34 // Revista da CAASP / Agosto 2014 Lygia: “volume de pesquisa é grande”


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