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Revista da CAASP -Edição 12_-

Como outros grupos não conseguiram repetir o resultado demonstrado por Haruko, a comunidade científica desconfiou da autenticidade do estudo. O próprio Centro Riken abriu investigação sobre o caso e acusou Haruko de agir de forma enganosa ao manipular um vídeo que supostamente comprovava a eficácia de sua técnica. Haruko inicialmente defendeu com firmeza o seu trabalho, mas acabou por concordar em anular o artigo. Burocracia brasileira Só a partir de 2008, após decisão do Supremo Tribunal Federal, o Brasil teve as pesquisas com terapia celular e células-tronco autorizadas nos limites previstos na Lei de Biossegurança, aprovada em 2005. Até então, as pesquisas por aqui se restringiam às células da medula óssea e do cordão umbilical. Agosto 2014 / Revista da CAASP // 35 “Infelizmente, a comunidade científica brasileira não recuperou o tempo perdido anteriormente. Poucos grupos se interessaram em trabalhar especificamente com células-tronco embrionárias. Por outro lado, alguns grupos demonstraram interesse pelas iPSCs (células-tronco pluripotentes induzidas). Mas, de um modo geral, hoje, a maioria dos grupos no Brasil trabalha com células-tronco adultas”, observa Lygia Veiga Pereira. Há mais de 20 anos Lygia trabalha com o estabelecimento de linhagens de células-tronco embrionárias – as primeiras de camundongos, e, hoje, de seres humanos - para que pesquisadores de todo o Brasil possam iniciar estudos clínicos de doenças. Fomento e incentivo financeiro para que pesquisadores engajem-se na produção científica com células-tronco têm ocorrido, segundo informou à Revista da CAASP o Ministério da Ciência e Tecnologia. De 2008 até agora, de acordo com dados colhidas pela Pasta no banco de informações do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foram investidos especificamente no ramo das células-tronco aproximadamente R$ 30 milhões. Entre as instituições mais beneficiadas com esses recursos estão a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O pesquisador no Brasil pode até ter a verba necessária para os seus estudos, mas no momento em que for necessário fazer um pedido de um reagente, por exemplo, esse reagente vai demorar semanas ou meses para chegar, por conta da burocracia. Isso nos deixa em desvantagem competitiva em relação aos demais países”, reclama Lygia.


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