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Revista da CAASP -Edição 12_-

Foi o que mostrou um estudo publicado em 2012, na revista científica The Lancet, em que cientistas da empresa de biotecnologia americana Advanced Cell Technology, de Boston, conseguiram tratar com células-tronco embrionárias a degeneração macular de duas mulheres. Depois de quatro meses de acompanhamento, não houve formação de tumores, o que animou os pesquisadores a darem continuidade ao trabalho. Na tentativa de driblar a questão da compatibilidade entre a célula embrionária e o paciente, pesquisadores começaram a recorrer a outras técnicas, como a clonagem terapêutica. “Trata-se de um procedimento bastante semelhante ao realizado na ovelha Dolly (primeiro mamífero clonado do mundo, em 1996). A diferença é que na clonagem terapêutica o embrião clonado não é implantado em um óvulo, para gerar um novo ser. O que existe é a implementação da célula em um útero, que dará origem a um embrião, do qual serão retiradas as células-tronco. Dessa forma, as células, ao serem transplantadas para o paciente, não sofrerão rejeição, por serem geneticamente idênticas a ele”, detalha a geneticista da USP. A Lei de Biossegurança brasileira (Lei 11.105/2005) permite a clonagem terapêutica nos limites de permissibilidade dispostos no artigo 5º: utilização de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, não utilizados no procedimento de fertilização, desde que sejam inviáveis ou congelados há três anos ou mais. Utilizar embriões humanos em desacordo com a premissa acima é crime no Brasil. Outra técnica, relativamente simples e que tem sido preferencialmente usada por diversos grupos no mundo, inclusive no Brasil, é a criada pelo cientista japonês Shinya Yamanaka, ganhador do prêmio Nobel de Medicina em 2012. Em 2007, Yamanaka desenvolveu as células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Ele reprogramou uma célula adulta, retirada de um paciente, para regredir ao estado embrionário, sem recorrer à clonagem terapêutica. Apesar dos ganhos, as células induzidas, caso sua eficácia se confirme, constituem uma alternativa cara. Além disso, a técnica, apesar de revolucionária, não é unanimidade entre os cientistas. Ensaios clínicos testando a capacidade dessas células no tratamento de várias doenças devem ser publicados nos próximos anos. Também estão em andamento testes de terapias celulares em humanos, já com os primeiros resultados positivos. São as pesquisas com as chamadas células-tronco tecido-específicas. Essas células existem em pequenas quantidades em diferentes tecidos ou órgãos do nosso corpo, e são responsáveis pela manutenção dos mesmos ao longo da vida. Por conta desse potencial, acredita-se que possam ajudar a regenerar os órgãos dos quais se originam, quando estes sofrem lesões. Um dos resultados positivos das pesquisas com as células de tecido-específicas veio de um estudo de pesquisadores da Universidade de San Francisco, nos Estados Unidos, publicado em 2012 na revista científica Science. Os pesquisadores transplantaram células-tronco neurais em um pequeno grupo de humanos e, pela primeira vez, um tratamento com tal material conseguiu aumentar a produção de mielina (gordura que desempenha papel essencial na transmissão da corrente elétrica Agosto 2014 / Revista da CAASP // 33


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