Page 32

Revista da CAASP -Edição 12_-

SAÚDE \\ Tratamento com células-tronco: promessas e realidade Encontradas em todo o corpo, as células-tronco são capazes de originar outros tipos de células, tecidos e órgãos. Há anos, ecoam na mídia notícias sobre a capacidade de tais células responderem pela cura de diversas doenças, algumas até hoje incuráveis pela medicina tradicional. Mas o tempo passa e a terapia celular não ingressa em definitivo no rol de procedimentos médicos usuais. Nesse campo, sobram dúvidas: quanto avançou, efetivamente, o tratamento de doenças graças às células-tronco? Quais os estudos clínicos em andamento? Quais os obstáculos que De todas as promessas que envolvem as terapias celulares, apenas uma, por ora, se tornou realidade universal: o transplante de células-tronco hematopoiéticas, aquelas produzidas na medula óssea ou retiradas do sangue do cordão umbilical, para tratamento das doenças do sistema sanguíneo e imunológico, como as leucemias, os linfomas, as anemias graves, as anemias congênitas, as hemoglobinopatias, as imunodeficiências congênitas, o mieloma múltiplo e outras 70 doenças. “Estamos numa fase em que o volume de pesquisa na área é grande - o que é bom, já que ao final poderemos reconhecer que tipo de célula-tronco funciona melhor no tratamento de determinada doença”, afirma a chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da Universidade de São Paulo, Lygia Veiga Pereira. Basicamente, existem três tipos de células-tronco: as embrionárias (derivadas de embriões, especificamente aqueles com cinco dias de desenvolvimento e que ainda não se implantaram no útero), as adultas (encontradas principalmente na medula óssea, no cordão umbilical, na gordura e também em outros tecidos e órgãos do corpo) e as pluripotentes induzidas (iPSCs). Cada tipo possui suas peculiaridades. As células-tronco embrionárias são as de maior potencial, já que são células ainda não-especializadas, ou seja, podem dar origem a todos os tecidos e órgãos que compõem um indivíduo. Essa versatilidade é ao mesmo tempo problema e solução para os pesquisadores. “Ainda não está claro como podemos controlar o processo de diferenciação que transforma a célula embrionária em uma célula específica de um tecido e não de outro”, explica Lygia. Outra complicação das embrionárias é o processo de rejeição a que estão suscetíveis, já que o embrião utilizado pode não ser imunologicamente compatível com o paciente que recebe o transplante. Mas o êxito não tardará. “Pesquisas realizadas nos EUA, na Inglaterra e no Japão nos mostram que os pesquisadores têm conseguido superar esse desafio e estão gerando células seguras”, ressalta Lygia. 32 // Revista da CAASP / Agosto 2014 Reportagem de Karol Pinheiro ainda precisam ser superados?


Revista da CAASP -Edição 12_-
To see the actual publication please follow the link above