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Revista da CAASP - Edição 11 --

Constituinte, governador. Homem de uma seriedade, de uma responsabilidade e de uma capacidade de ação muito grandes. Um orador perfeito, fazia seus discursos de improviso e não cometia um erro sequer. Josaphat Marinho. Ele, praticamente sozinho, fez o Código Civil. Um homem de muita dignidade. Um orador brilhante. Quando seu mandato estava no final o Antônio Carlos (Magalhães) e outros questionaram as possibilidades de reeleição dele, e disseram que ele teria de fazer algumas concessões. Ele não aceitou. Junho 2014 / Revista da CAASP // 9 Há políticos dessa estirpe na legislatura atual? Um senador brilhante, competente, capaz, é Roberto Requião, do Paraná. Foi um governador muito bom e é um senador excepcional. Há também esse rapaz que está entrando agora, do Amapá, Randolfe Rodrigues. Me lembro quando ele entrou, o primeiro discurso que fez foi como candidato de oposição a (José) Sarney à Presidência do Senado, sem nenhuma condição de ganhar. No entanto, ele produziu uma peça que fez o próprio Sarney se levantar e ir abraçá-lo. Esse rapaz vai longe. O senhor estreou na política como vereador em Caxias do Sul em 1958, pelo PTB. Como era e como foi ao longo da vida seu relacionamento com Leonel Brizola? Eu comecei como militante universitário, no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, fui dirigente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e fui vereador em Caxias do Sul. Eu era do PTB, o mesmo partido do Brizola, mas dentro do partido eu tinha uma admiração profunda pelo senador Alberto Pasqualini, um nome que infelizmente ficou no tempo, porque faleceu muito cedo, mas foi um grande ideólogo do trabalhismo no Brasil, o homem que estruturou a ideia do trabalhismo. Meu grupo era mais ligado a ele. O Brizola já representava outro movimento, que era por uma política de resultados. Ele era jovem, foi deputado estadual muito cedo, foi prefeito de Porto Alegre. Eu não era contra ele, mas também não era a favor. O senhor tem saudade do antigo MDB? Eu sempre cito o MDB. Eu fui contra a extinção do MDB, porque achava que os partidos deveriam permanecer os mesmos até a Constituinte. Convocada a Constituinte, aí se extinguiriam todos os partidos e se criariam outros a partir dela. Mas criou-se essa série enorme de partidos e até hoje isso só foi piorando. Estamos com 30 partidos e, se for analisar, o próprio PT, que há 20 anos era um belíssimo partido, hoje está fragmentado em ala disso, ala daquilo. Hoje, o que temos de pior no Brasil é o sistema partidário.


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