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Revista da CAASP - Edição 11 --

ENTREVISTA \\ “A presidente Dilma não tem jogo de cintura” Aos 84 anos, Pedro Simon fala de política misturando ceticismo e indignação. O senador gaúcho é assim mesmo: cético – “não haverá reforma política se depender do Congresso Nacional” – e indignado – “nunca se viu no Brasil um esquema de costura tão diabólico em termos de busca do mal quanto o mensalão”. Minutos antes de conceder esta entrevista ao editor da Revista da CAASP, Paulo Henrique Arantes, Simon assinou uma representação contra a presidente Dilma Rousseff por conta da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, contrariando a orientação de seu partido, o PMDB, que não só compõe a base do governo como ocupa a vice-presidência da República. “Eu defendo a tese de que o PMDB deveria ter candidato próprio a presidente da República. Time que não joga não tem torcida”, prega, confirmando sua notória independência. Para ele, a presidente da República “está desgastada e não tem jogo de cintura” suficiente para as negociações políticas. Um dos raros políticos brasileiros cuja imagem associa-se a preceitos morais verdadeiros e não a um moralismo hipócrita, Pedro Simon não tem – nunca teve – papas na língua. Odiado e jamais esquecido por Fernando Collor, na entrevista a seguir ele exalta o caráter de Itamar Franco e não poupa Fernando Henrique Cardoso: “Todas as denúncias contra o governo dele foram engavetadas pelo 8 // Revista da CAASP / Junho 2014 senhor Geraldo Brindeiro”. Revista da CAASP - Gostaria que o senhor citasse três ou quatro parlamentares com os quais conviveu nesta Casa e que, na sua opinião, honraram a democracia brasileira. Pedro Simon - Doutor Ulysses Guimarães, pelo conjunto da obra. Ele foi presidente da Câmara, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, presidente do MDB. Ele foi o grande condutor do Congresso e da sociedade brasileira na luta pela redemocratização. O “Senhor Diretas”, como era chamado, realmente teve uma atuação fantástica, com pronunciamentos importantes, corajosos. Enfrentou os generais, chamando-os de gorilas. Foi um homem excepcional. Teotônio Vilela, que já doente saiu da Arena, veio para o MDB e encampou a defesa da anistia dos presos políticos, emocionando o Brasil inteiro. Eu acho que é difícil encontrar alguém na história que tenha subido tão alto na grandeza da coisa pública quanto Teotônio Vilela. Mário Covas. Foi um homem brilhante em todos os sentidos. Deputado federal, senador, líder na


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