Page 42

Revista da CAASP - Edição 11 --

\\ Cem Anos de Solidão C Por Luiz Barros* em Anos de Solidão, a obra prima de Gabriel García Márquez, foi publicado em 1967, granjeando ao autor imediata notoriedade, decisiva para sua indicação ao Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Calcada nas memórias de infância do escritor, das quais fazem parte histórias com o sabor de causos que lhe contou sua avó Tranquilina Iguarán, e nas quais se incluem também episódios dramáticos da violenta história colombiana, a obra narra ao longo de cinco gerações a grandeza e o declínio da família Buendía, uma estirpe condenada à solidão. Macondo, a cidadezinha imaginária onde se desenvolve a ação, tem por inspiração Aracataca, lugarejo onde nasceu o escritor. E os imaginários Buendía representam de forma direta ou metafórica em parte a história da família de García Márquez, o que ele não esconde, pelo contrário desvenda – ao ponto de ter batizado a personagem matriarca da família Buendía, Úrsula Iguarán – com o mesmo sobrenome Iguarán de sua avó Tranquilina, aquela que na infância e por toda a vida lhe contava histórias. Best seller com vendagem de mais de 30 milhões de exemplares, e traduzido para dezenas de idiomas, Cem Anos de Solidão é o livro fundador do realismo fantástico, gênero literário tipicamente latino-americano. A obra em geral é interpretada privilegiando-se o estilo e os detalhes narrativos, ou sua narrativa textual, sendo fácil que nos escape a sua significação mais ampla se estivermos desatentos; o que se compreende, aliás, de um lado pela exuberância do saboroso estilo, de outro porque são muitos os níveis de leitura que a obra proporciona, a cada um deles associando-se diferentes significados. O realismo fantástico de García Márquez incorpora à realidade dimensões mágicas, fantásticas ou maravilhosas, forjando fatos e personagens à primeira vista híbridos, metade reais metade absurdamente impossíveis e tão somente imaginários. No entanto, tal qual em Kafka, em García Márquez, quando se busca o significado essencial da obra, é o realismo que predomina. 42 // Revista da CAASP / Junho 2014 Garcia Márquez, gênio do realismo fantástico.


Revista da CAASP - Edição 11 --
To see the actual publication please follow the link above