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Revista da CAASP - Edição 11 --

Junho 2014 / Revista da CAASP // 13 E o governo seguinte, do presidente Fernando Henrique Cardoso? Nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, todas as denúncias feitas foram engavetadas pelo procurador-geral da República, senhor Geraldo Brindeiro. Ele não denunciava, não pedia o arquivamento, não baixava diligências. Deixava na gaveta, daí ser chamado de “engavetador-geral da República”. No governo do Fernando Henrique houve a CPI do sistema financeiro, o caso Marka- Fonte Cindan, o caso da privatização da Vale do Rio Doce - tudo ficou na gaveta dele. O Fernando Henrique fez coisas boas. Ele consolidou o Plano Real, fez muitas coisas positivas, mas teve aspectos negativos. Um deles foi esse Brindeiro, que foi o procurador. Outro caso foi a votação da emenda da reeleição. Na primeira revisão da Constituinte, o presidente Itamar afirmou que era contra a reeleição, e o Fernando Henrique também disse: “Eu sou contra, eu sou contra!”. No seu governo, o Fernando Henrique apresentou a emenda da reeleição, e ela foi escandalosamente comprada. Quando o deputado Roberto Jefferson denunciou o mensalão, em alto e bom som no Congresso, o senhor foi surpreendido ou aquela metodologia de cooptação já era, de certa forma, conhecida? Não me passava pela cabeça que aquilo podia ser verdade. Mas, na realidade, ele apresentou os fatos e, quando ele apresentou aqueles fatos, as coisas se fecharam. Na hora, eu fiz um elogio grande ao Jefferson. Eu disse: “Olha, não há dúvida da sua participação no episódio, não há dúvida de que o senhor é corresponsável, o senhor participou, o senhor é autor. Mas tenho de reconhecer que o senhor está prestando um serviço ao país”. A que o senhor atribui as manifestações de rua de 2013 e as que persistem até hoje? Em primeiro lugar, é um fator mundial. Hoje, a televisão, os meios de comunicação, as redes sociais... no Egito, eles se movimentaram de tal maneira que em quadro dias derrubaram o presidente da República, um ditador que estava lá havia não sei quanto tempo. Então, as redes sociais estão funcionando. Em junho do ano passado, elas foram vitais para a aprovação da emenda que determina que o parlamentar processado não pode concorrer à reeleição. Isso é muito significativo: o Congresso votou e votou bem por causa do povo, dos jovens na rua. Não passava pela cabeça de ninguém que nós íamos mexer nessa questão. Outra ocasião foi no mensalão. Foram para a rua, cercaram o Congresso Nacional, cercaram o Supremo, e eles foram condenados. Essas duas votações eu considero da maior importância e significado.


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