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Revista da CAASP - - - - Edição 08

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Se for assim, o momento do Brasil é saudável. Sim, é saudável. Se você observar o Brasil pela perspectiva do noticiário do dia-a-dia, você terá muito motivo de pessimismo e até de desesperança, em que alguns podem dizer “vamos chamar os ditadores de volta”... Esse é um risco real? Acho que não. Acho que o ambiente internacional não permite, a nova equação social brasileira também não. É muito difícil você imaginar um golpe de Estado que pare de pé com as redes sociais e as pessoas se comunicando sobre tudo. E nem há um personagem carismático para executar isso. Não temos mais “salvadores da Pátria”, já testamos os que tínhamos disponíveis. Acho que nós superamos a tentação totalitária, e penso que a democracia vai se consolidar no Brasil à medida que colhermos frutos dessa forma de construir o futuro. No plebiscito de 1993 nós escolhemos uma fórmula de construção do futuro. A Democracia e a República vão de consolidar no Brasil na medida em que elas devolverem para a sociedade benefícios na forma de educação, saúde, segurança, empregos, oportunidades, cidadania. E nós estamos colhendo: se você observar de uma perspectiva histórica, o Brasil hoje é um país muito melhor que o Brasil de meados do Século XX, em que havia, por exemplo, a imprensa corrompida de Assis Chateaubriand, o “toma lá dá cá” nas relações público-privadas, um país em eterno sobressalto com as Forças Armadas ameaçando dar golpe. Agora, não. Nós temos um ambiente relativamente estável, sem grandes sobressaltos. A democracia tem sido exercitada sem ruptura nos últimos 30 anos. É claro que tem frustração no ar, é evidente, é da natureza, nós estamos aprendendo, mas eu diria que estamos colhendo. Não é incoerente - ou mesmo um traço de ignorância - pessoas reivindicarem reformas e ao mesmo tempo afirmarem abominar a política? O brasileiro cobra muito do Estado e não participa da atividade política. Ele não participa de sindicatos, de associações de bairro, de assembleias de condomínio, não vai a reuniões na escola dos filhos, não participa dos partidos políticos – mas quer que o Estado resolva tudo, que os partidos políticos sejam 20 // Revista da CAASP / Dezembro 2013


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