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Revista da CAASP -- Edição 07--

Quando se analisa o ensino médio, a realidade é ainda mais sombria: apenas 41% dos jovens se formaram em 2010. O que dizem esses percentuais? A leitura é simples: nossas escolas não despertam interesse crescente nos jovens, e o abandono em algum momento é inevitável. Sintoma dessa triste realidade é que apenas um em cada quatro brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura e escrita, bem como os fundamentos matemáticos, segundo o último Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf 2011). Somos um país de analfabetos funcionais. Se formos além da frieza estatística, que não deixa de ser reveladora, encontraremos situações que nos envergonham como Nação. As causas da baixa qualidade educacional no Brasil vão dos vexatórios salários pagos aos professores às aberrações pedagógicas como a aprovação automática. Não será exagero se falarmos em crueldade. Criadas para ampliar a rede municipal de ensino de São Paulo, as escolas de lata foram adotadas também na rede estadual, a partir de 1998. Inicialmente instaladas em contêineres metálicos ou construídas em aço galvanizado, potencializavam ao extremo as sensações de calor e frio e não têm qualquer isolamento acústico. É verdade que, na rede estadual, as escolas de lata ganharam contornos mais humanos, digamos, quando passaram a ser construídas mediante o chamado “padrão Nakamura” (estruturas metálicas, telhado de zinco, paredes de madeira compensada e painéis de chapa de aço). Ainda assim, entendemos que nossas crianças, que são nada menos que o futuro do país, mereçam algo mais digno. Como disse um político do nosso passado recente, “cara é a ignorância, jamais a educação”. O Brasil é um dos países que mais evolui no mundo em termos de desenvolvimento humano, revelou de fato o IDHM, e há quem diga que a educação é o carro-chefe dessa melhora. Uma análise superficial do estudo favorece tal visão enganosa. A leitura cuidadosa, contudo, mostra que, se avanço houve, foi quantitativo, graças à maior abertura das portas de entrada. Crescer em qualidade é algo bem mais difícil e, ao que parece, ainda distante. Fábio Romeu Canton Filho Outubro 2013 / Revista da CAASP // 7


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