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Revista da CAASP -- Edição 07--

Arquivo pessoal Jean Gorinchteyn Gorinchteyn: ”A maioria dos jovens não sabe nem vestir um preservativo” Outubro 2013 / Revista da CAASP // 31 “A grande preocupação médica, hoje, são os jovens, principalmente os homossexuais masculinos, porque esse público apresenta maior número de parceiros casuais e realiza mais sexo desprotegido”, observa Gorinchteyn. O Boletim Epidemiológico 2013, elaborado pelo Ministério da Saúde, mostrou que 70,8% do público homossexual de 15 a 24 anos usaram preservativo na última relação. Entretanto, quando se avaliou o uso do preservativo em todas as relações sexuais nos últimos 12 meses com parceiro casual, esse percentual caiu para 54,3%. Prevenção começa na escola “Hoje, o jovem tem acesso a um enorme volume de informações sobre sexo e sexualidade, mas que lhe chegam sem nenhum tipo de filtro. O jovem ouve ou lê aquilo que lhe é apresentado e não tem oportunidade de debater seu conteúdo, de questionar, de refletir com profissionais capacitados e preparados”, afirma Paulo Rennes, livre-docente em Sexologia e Educação Sexual da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Entusiasta da abordagem de questões sexuais na escola, ele coordena o primeiro curso de mestrado em educação sexual instalado no Brasil. “A escola é o espaço propício para dar ao jovem uma formação embasada no conhecimento, na reflexão e no questionamento, possibilitando ou estimulando mudança de atitudes, concepções e valores”, acredita. As estatísticas sobre o crescimento do número de jovens com DST são argumento irrefutável em defesa da educação sexual na escola. Assunto complexo, exige, contudo, ser trabalhado de forma planejada e sistematizada, o que não acontece no país. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em vigor desde 1997, deixam claro que a educação sexual, chamada “orientação sexual” pelo Ministério da Educação, deve ser considerada “tema transversal” nas escolas, ou seja, abordada no âmbito de diversas disciplinas. Geralmente, os professores de ciências e biologia acabam ficando responsáveis pelos temas ligados à sexualidade. O documento sobre orientação sexual disponibilizado pelo MEC sugere três vertentes de abordagem para o professor: “O corpo como matriz da sexualidade, as relações de gênero e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/Aids”. Ocorre que boa parte dos professores não está preparada para lidar com esses temas. Cursos de pedagogia e licenciaturas não abrangem disciplinas sobre educação sexual, e não há sinalização de que, no curto prazo, isto venha a ocorrer. O Ministério da Educação tem procurado sensibilizar os


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