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Revista da CAASP -- Edição 07--

\\ ESPECIAL “A flutuação do câmbio vai ficar em torno de 2,5%. O que não se aceita é uma flutuação muito acentuada – não se pode sair de 2,5% para 2%, porque isso desorganiza completamente a expectativa dos empresários”, diz Belluzzo. O câmbio ao sabor do vento logicamente não está entre as preferências do economista: “O câmbio determina para cada país qual é sua posição no comércio internacional, se esse país é mais exportador ou importador. Não se pode deixar um preço como esse à solta sob a suposição de que o mercado lhe vai encontrar o lugar correto. Acreditar nisso é pior do que acreditar no ET de Varginha”. Meta fiscal - O Brasil apresenta uma baixa relação dívida / PIB, em torno de 67%. Nos Estados Unidos, essa relação é de aproximadamente 97% e, na Zona Euro, 120%. Ponto para o Brasil, mas as metas de superávit primário (reserva para pagamento dos juros da dívida pública) vêm sendo reduzidas por aqui, e o último resultado apurado, referente ao mês agosto, apontou uma economia de R$ 87 milhões para pagamento da dívida, pior resultado para agosto desde 1997. A meta de superávit primário para 2013 é de R$ 108,09 bilhões, afixada em 2,15% do PIB. “Acho difícil o governo alcançar a meta. Além disso, outro favor machucou a credibilidade do governo: foi quando eles começaram a fazer químicas contábeis. Só que o mercado também é composto por gente esperta, gente que sabe ler balanço, que vê contas públicas, gente que saiu do governo e agora está na iniciativa privada”, salienta Ary Oswaldo Mattos Filho. Yoshiaki Nakano, por outro lado, considera natural que o mercado financeiro revele descontentamento com o governo. A queda da taxa básica de juros no governo Dilma – de 12,5% para 7,5%, agora retornando a 9% – desencoraja as aplicações em papéis do governo. “Este governo resolveu fazer algumas coisas contra o mercado financeiro, como baixar a taxa de juros, e isso, é lógico, criou grande oposição por parte do setor financeiro. O problema é que o governo não conseguiu, simultaneamente, conquistar a confiança do empresariado industrial, apesar de ter ajudado muito a indústria por meio de desonerações e crédito via BNDES”, avalia Nakano. “Se os empresários se convencerem de que a situação fiscal é ruim, é claro que eles vão tomar uma atitude de retração, mas isso faz parte do debate econômico e político”, crê Luiz Gonzaga Belluzzo. “É preciso que o governo mostre que, em relação ao resto do mundo, o Brasil está muito bem do ponto de vista fiscal. Não há nenhum desastre, nenhuma catástrofe. Toda vez que este debate começa parece até que estamos na mesma situação da Espanha ou da Grécia”, argumenta. Na Espanha, a dívida pública alcança 157% do PIB. Na Grécia, 165%. 26 // Revista da CAASP / Outubro 2013


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