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Revista da CAASP -- Edição 07--

Um Fla x Flu indesejável A alta do PIB no segundo trimestre de 2013, de 1,5% em relação ao trimestre anterior, reacendeu o clima de Fla x Flu que tem marcado o debate econômico no Brasil. O resultado é positivo, certamente, mas não tanto para justificar queima de fogos por parte do governo. Em contrapartida, foi grande a correria para demonstrar que aqueles números alvissareiros não se sustentariam. O fato é que o crescimento no segundo trimestre merece destaque por sua característica disseminada. Todos os setores avançaram: agropecuária (3,9%), indústria (2%), serviços (0,8%), investimentos (3,6%), consumo das famílias (0,3%), consumo do governo (0,5%), exportação de bens e serviços (6,9%) e importação de bens e serviços (0,6%). O banho de água fria viria no primeiro mês do quarto trimestre, quando a produção industrial caiu 2%. De outra parte, o recuo de 0,33% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em julho foi visto como positivo por analistas do mercado, que anteviam uma queda de 1%. Em meio a altas e baixas, todos apostam que o crescimento do PIB em 2013 ficará em torno de 2,5% - bem maior que o 0,9% de 2012. “Para o Brasil crescer 2,5% no ano, basta a economia não cair no segundo semestre. Como temos enormes vantagens em algumas áreas de recursos naturais, agricultura forte, deveríamos estar crescendo a uma taxa de 7% ao ano. Isso significaria que a cada 10 anos dobraríamos nossa renda per capita”, observa Yoshiaki Nakano. Na opinião do economista da FGV, o salto de 1,5% no segundo trimestre de 2013 foi puxado pela agricultura e por setores favorecidos pelos juros baixos do BNDES, como os de bens de capital, automóveis e, principalmente, caminhões. “Agora, se você compra um caminhão hoje, não compra outro amanhã, a não ser que a economia esteja crescendo muito – e não está. O normal será uma esfriada”, prevê. Também para Luiz Gonzaga Belluzo o segundo trimestre de 2013 foi atípico: “Esse crescimento não pode ser projetado para frente, foi um fenômeno pontual. Na verdade, recuperamos um pouco a exportação de minério de ferro e de petróleo, que estava praticamente paralisada. Também aumentamos a exportação de manufaturados, já por conta da desvalorização cambial”. Apesar das oscilações, nada aponta para uma crise econômica. O que está em jogo é a forma como o governo vai comportar-se diante dessas pequenas variações. A inflação, por exemplo – depois da histeria em torno da alta no preço do tomate –, mostra-se contida um pouco abaixo de 6% anuais, mas persistente. É nesse item tão influente na vida da população que o clima de Fla x Flu torna-se mais evidente: uns querem derrubar a inflação a qualquer custo, outros acham que medidas extremas só se justificariam caso houvesse no país um alto grau de descontrole inflacionário. Outubro 2013 / Revista da CAASP // 23 infraestrutura


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