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Revista da CAASP -- Edição 07--

Ricardo Bastos Nakano: governo precisa aprender a dialogar com a iniciativa privada Outubro 2013 / Revista da CAASP // 21 reestudando o modelo de concessões e aposta que a partir de agora, afrouxado o limite de lucro, as concessões vão deslanchar. “O governo merece confiança. Agora, para que os empresários confiem no governo, deve haver um diálogo maior”, avalia o economista Yoshiaki Nakano, diretor da EESP (Escola de Economia de São Paulo), da Fundação Getúlio Vargas. “O governo tem que respeitar o lucro que o empresário deseja, sem permitir um lucro absurdo. Tentou-se empurrar uma taxa de retorno muito baixa, privilegiando o usuário com a menor tarifa possível. Não ia dar certo, por isso o governo recuou”, diz Nakano, que foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo durante o governo Mário Covas. Detalhe: hoje, Nakano é um dos consultores informais da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para Luiz Gonzaga Belluzzo, professor de economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a fixação de taxas de retorno muito baixas foi um erro que ficou para trás. “Houve uma discussão nacional sobre isso, todo mundo deu palpite, mas o governo corrigiu isso. Hoje, eu considero que o retorno implícito nos projetos é satisfatório”, acredita Belluzzo, outro dos interlocutores do governo em assuntos econômicos e há décadas uma das vozes mais proeminentes do keynesianismo no Brasil. “Temos um horizonte de projetos e investimentos muito rico, não só na infraestrutura, mas também no que diz respeito a óleo e gás. É preciso que a Petrobras retome os investimentos e comece a explorar. Isso nos colocará numa posição muito favorável do ponto de vista do balanço de pagamentos”, orienta. Na verdade, o empresariado reagiu muito mal à substituição de Nelson Barbosa por Arno Augustin no cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, no início do ano. Ao contrário de Barbosa, Augustin afina-se com os setores mais à esquerda do PT, dogmaticamente avessos a concessões, privatizações e congêneres. “Eu acho que o governo colocou para negociar com o setor privado pessoas que, ideologicamente, são contra a iniciativa privada. Obviamente, há uma dificuldade natural, pois essas pessoas entendem isso como usurpação do papel do Estado”, constata o advogado Ary Oswaldo Mattos Filho, professor da Faculdade de Direito GV, da Fundação Getúlio Vargas. Ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Mattos Filho vê nos prazos afixados – 20 a 30


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