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Revista da CAASP -- Edição 07--

ESPECIAL \\ PESSIMISMO INJUSTIFICÁVEL Precisamos não só dos recursos, mas da gestão do setor privado, que é mais eficiente, mais ágil e de menor custo”. A fala não é de um liberal tentando demonstrar que o PT no governo pratica uma gestão estatizante. A afirmativa é da presidente Dilma Rousseff, certamente contrariando alas do PT, e foi proferida em um discurso para investidores durante o seminário “Oportunidades em Infraestrutura no Brasil”, em Nova York, promovido pelo banco de investimentos Goldman Sachs, em meados de setembro. Ao reconhecer a incapacidade de o Estado executar obras de infraestrutura de grande porte, por ser lento e burocrático, Dilma dá o primeiro passo para vencer o principal gargalo da economia brasileira. O segundo ocorrerá quando as condições oferecidas nos leilões de concessão dessas obras fizerem despertar o chamado “espírito animal” dos empresários. O pacote inicial de concessões de rodovias deste ano frustrou em parte a expectativa do governo: oito consórcios entregaram propostas para duplicação da rodovia BR-050, entre Goiás e Minas Gerais, mas ninguém se apresentou para assumir a BR-262, entre Espírito Santo e Minas Gerais. A justificativa empresarial pelo desinteresse foi a participação do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) na obra. É a iniciativa privada ainda desconfiando do Estado, mas não só isso. Além do receio de quebras contratuais por parte do governo – risco negado por Dilma Rousseff com veemência, em Nova York -, os investidores querem lucrar, o que parece óbvio e legítimo. Em leilões anteriores o governo estabeleceu uma taxa de retorno de 6% aos consórcios vencedores. Ou seja, tabelou o lucro dos empresários e, por conseguinte, afugentou-os. Desde então, o governo vem 20 // Revista da CAASP / Outubro 2013 X OTIMISMO EXACERBADO Exaltado por tirar milhões de pessoas da pobreza e manter-se em situação de pleno emprego, o Brasil precisa dar um novo salto, agora na área de infraestrutura, caso contrário terá seu crescimento limitado – e o governo parece ter acordado para o obstáculo que o intervencionismo exagerado significa. A análise desapaixonada e apartidária dos indicadores econômicos (inflação, PIB, juros, câmbio) recomenda cautela e contextualização mundial. Tanto as previsões catastróficas quanto as eufóricas têm se mostrado irreais, até mesmo irracionais. Reportagem de Paulo Henrique Arantes “


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