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Revista da CAASP -- Edição 07--

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Agora, é paliativo. A solução completa virá quando os meninos negros estudarem nas mesmas escolas que os meninos brancos. E a maneira de alcançar isso é fazer com que a escola dos pobres seja igual à escola dos ricos. As pessoas acham que isso é demagogia, mas a maioria dos países medianamente desenvolvidos já fez isso. O príncipe herdeiro da Dinamarca vai a uma escola pública, até porque eu acho que nos países escandinavos só existem escolas públicas. Que país é seu modelo de educação? Veja bem, não se trata de modelo pedagógico – a federalização tem de dar liberdade pedagógica. Mas eu cito Finlândia, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan como os melhores, ao lado de Suécia e Dinamarca; depois vêm Alemanha, França, até os Estados Unidos e o Canadá. Em quase todos esses países a educação é federal, ou foi federal e depois se municipalizou. A escola particular existe em muitos deles, mas muitos não a tem por ser desnecessária, e em outros é proibida. Na Coreia do Sul, professor é carreira federal. Na Finlândia é diferente: o professor é contratado pela escola, não pelo Estado, mas o Estado define o salário. Quais as diferenças – e semelhanças - entre o Bolsa Escola, lançado pelo senhor quando governador do Distrito Federal, e o atual Bolsa Família? Três diferenças. Na verdade, o Bolsa Escola é meu, mas o Bolsa Escola que o Lula mudou e passou a chamar de Bolsa Família era o do Fernando Henrique, que por sua vez era a mesma coisa que o meu. Então, o Bolsa Família é uma modificação do Bolsa Escola. Houve três erros do Lula. Primeiro, mudar o nome. Sabe por quê? Quando uma mãe recebe uma Bolsa Escola ela diz “preciso desse dinheiro para meu filho ir para a escola”. Quando ela recebe um Bolsa Família, ela diz “preciso desse dinheiro porque minha família é pobre”. Os próprios linguistas explicam isso. Perdeu-se o compromisso educacional. Segundo, Lula tirou a gestão do Ministério da Educação e colocou no Ministério da Assistência Social, que se chama Desenvolvimento Social, mas é de assistência. E, terceiro, ele misturou o programa educacional Bolsa Escola com os outros programas de transferência de renda que o Fernando Henrique tinha criado – vale-alimentação, vale-gás etc. Quando misturou, descaracterizou o lado educacional. Eu considero o Bolsa Família um programa assistencial necessário para o Brasil, mas não é um programa educacional. 16 // Revista da CAASP / Outubro 2013


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