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Revista da CAASP -- Edição 07--

Eu tenho um projeto que diz que todo parlamentar fere seu decoro se botar o filho numa escola particular. O pessoal diz que é demagogia. As escolas particulares praticam reajustes muito acima de índices como o IPCA, por exemplo. Tem que olhar se o reajuste dado aos professores é igual, caso contrário o pai do aluno estará perdendo dinheiro. Nesse caso, deve-se fortalecer os pais. Se a Associação de Pais e Mestres tem força e o colégio aumenta a mensalidade mais do que deveria, é só dizer: nós todos vamos tirar nossos filhos daqui, vamos fazer uma escola nossa, fazer uma cooperativa. Mas, além de fazer isso, deve-se lutar para que a escola pública seja tão boa quanto a particular. É inadmissível, mesmo para o rico, pagar pela educação do seu filho. Há um grande empresário aqui em Brasília que disse, durante um debate, ter vergonha por ser muito rico e manter o filho estudando de graça na UNB (Universidade de Brasília), porque ele podia pagar uma boa faculdade particular. Eu lhe disse: você não deveria ter vergonha por seu filho estudar de graça, principalmente se ele quiser descobrir a cura do câncer, se ele quiser ser um grande engenheiro e construir as maiores pontes do Brasil. E eu também disse: se você está tão preocupado e encabulado, por que não dá uma bolsa de estudo para os filhos dos pobres? E ele, na hora, disse: traga a proposta. Eu saí da palestra, fui para o meu gabinete de reitor da UNB, preparei a proposta, deixei na mesa da secretária dele. E ele passou a dar bolsa para mais de 100 alunos de engenharia da UNB. Outubro 2013 / Revista da CAASP // 13 Quem é esse empresário? Luiz Estevão. A realidade das escolas públicas de nível superior é exatamente o inverso das do ensino fundamental e médio. É isso? Sim, mas elas são para poucos. Aí é que está: a minha proposta de federalização, na verdade, é pegar as 490 escolas federais de ensino fundamental e médio que existem hoje e transformá-las em 197 mil, absorvendo as estaduais e municipais. Hoje nós temos 490 federais. Se você pegar a avaliação das escolas feita pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação de Base), a pior média é das estaduais, a segunda pior é das municipais, depois vêm as particulares, mas lá em cima estão as federais, as melhores. É claro, as 10 melhores do Brasil são particulares, mas tem algumas muito ruins também. Mas as federais são todas boas – é o Colégio Pedro II, são os Institutos de Aplicação, as escolas técnicas e os colégios militares. Isso dá 250 mil alunos – por que a gente não faz isso para 50 milhões? Inclusive, esses 250 mil privilegiados são


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