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Revista da CAASP -- Edição 07--

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ “Pouca gente luta por uma boa escola pública” 12 // Revista da CAASP / Outubro 2013 base, por isso nunca briguei pelos 10%. Eu tenho medo de que esses 10%, sendo dados hoje para o sistema educacional, seja dinheiro jogado fora. Se não me disserem como esse dinheiro chega até a cabeça dos meninos, eu não luto por isso. Se você jogar dinheiro no quintal da escola, na primeira chuva vira lama. Eu temo que comece a chover dinheiro no quintal das escolas. O que precisa para seu projeto ser abraçado? Só se eu for presidente. Ministro não consegue nada, a não ser que o presidente queira. E as escolas particulares? Por que se permite que as escolas privadas cobrem tão caro? Os grandes grupos escolares exercem um lobby muito poderoso, não? Eu acho que hoje não existe tanto lobby, porque a concorrência é muito grande, e a prova disso é que existem escolas particulares baratíssimas, só que de péssima qualidade. Eu insisto na pergunta: por que não se luta para que a escola pública seja tão boa para que nossos filhos estudem nela? Essa é a grande luta, não? Não tem sido. Pouca gente luta para que a escola pública fique boa. As pessoas lutam para que a escola particular fique mais barata, e para isso só tem um jeito: baixar o salário do professor, baixar o lucro ou conseguir que o governo pague. Eu, pessoalmente, sou a favor de um “Proesb”, que seria um Prouni da educação de base, mas só onde não houver uma escola pública de qualidade. Em que momento as escolas públicas, que eram as melhores há 40 anos, começaram a se deteriorar? Exatamente na década de 1970, quando os pobres vieram para as cidades onde estavam as escolas públicas. Enquanto a escola pública era para poucos, era boa.


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