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Revista da CAASP -- Edição 06

do futebol profissional. O entusiasmo durou pouco. Foi substituído pelo desagrado oriundo da crise financeira, também registrada na Europa e no Oriente Médio, quase simultâneo com fatos de nosso continente. Aqui, agravada pela insistente afirmação de que o Brasil não seria vítima da crise. O otimismo, tão imprudente quanto reiterado, não se confirmou. Situou-se entre os detonados pelos incidentes urbanos iniciados em São Paulo. Gastos imensos, que a administração federal aceitou formalmente - acatando imposições onerosas da Fifa - contribuíram para agravar as críticas, nada obstante a predileção do povo pelo esporte. Seriam relativamente fáceis de avaliar, desde o Campeonato Mundial na África do Sul, mas as despesas com novos estádios não foram percebidas. Desagradaram faixas importantes da população, limitadas de início a resmungos ocasionais. Contagiaram, depois, a maioria do povo quando revelados os altíssimos encargos assumidos, fora de São Paulo. As imposições contratuais acertadas com a Fifa eram de “papel passado” – como se dizia –, vinculando setores da administração brasileira, desde a federal à municipal. A entidade esportiva internacional deu-se até ao luxo da indelicadeza, que o Governo engoliu, coincidentemente com a aparição, em nosso país, das mesmas dificuldades de outras nações, no setor econômico. Tudo começou quando a esperança governamental de que tudo seria superado morreu, ao surgir fato novo em São Paulo, tão pequeno quanto muitos outros na história dos movimentos populares. Foi a revolta do paulistano contra o aumento de R$ 0,20 na passagem do transporte urbano. Poderia até ser chamada de “Rebelião dos Vinte Centavos”. Ofendeu o pobre ou o quase pobre, mas não só eles, pois recebeu a adesão de remediados e ricos, velhos e jovens. Generalizou o desagrado da população posto às claras e que se estendeu por todo o Brasil, incluindo transporte, educação, saúde, segurança e Copa. A etapa das vacas gordas havia permitido o luxo dos gastos muito grandes, descomunais, só depois conhecidos. Os que pareciam donos da verdade desprezaram a aceitação de dois grandes estádios particulares, em São Paulo, para optarem por contratações caríssimas dos que se dispuseram a obras faraônicas. A Internet funcionou como veículo eficaz de intensa comunicação ecoando o desagrado da população. A sucessão de desencontros já se havia espalhado pelo povo, graças ao mecanismo da divulgação instantânea. O amargo fel governamental se mostrou quando o povo – mesmo revogados os centavos que haviam encarecido o transporte paulistano – não se deu por satisfeito. O estopim espalhou explosões. A revolta estava quase nacionalizada. Agosto 2013 / Revista da CAASP // 59


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