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Revista da CAASP -- Edição 06

SAÚDE \\ “Ilhas” de calor A alta amplitude térmica é outro problema da região metropolitana de São Paulo acentuada por desequilíbrios urbanísticos. A capital, por exemplo, é excessivamente centralizada, quase todos os caminhos levam a população ao centro. “Como todos os veículos vão para o centro, forma-se ali uma “ilha” de poluição que retém calor. Ocorre que o ser humano tem uma zona de conforto térmico. Quando saímos dela, ficamos doentes”, explica Saldiva. Jairo Sponholz Araújo corrobora: “A grande variação da temperatura e da umidade pode agredir a via aérea, desencadeando crises em pessoas com doenças respiratórias”. A principal promessa de campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), no campo urbanístico foi justamente descentralizar a cidade. O “Arco do Futuro”, como foi batizado seu projeto, tem como objetivo reduzir o número de deslocamentos em direção às regiões centrais da capital, estimulando a fixação de empresas fora da região central. A cobrar. Pedágio urbano Desde 2003, Londres mantém um pedágio urbano que pode ser pago por SMS, telefone, correio, internet, em lojas credenciadas e máquinas de autoatendimento. São isentos de pagamento táxis, carros que emitam menos de 100 gramas de CO2 por quilômetro rodado, veículos de duas rodas e de emergência. Os moradores dessas áreas pagam apenas 10% do preço regular do pedágio. À noite e nos fins de semana as vias pedagiadas são liberadas de pagamento. Um ano depois de implantado o pedágio urbano, os números londrinos revelavam acerto da iniciativa: redução de 21% do fluxo de automóveis e aumento de 43% o número de bicicletas; os ônibus passaram a andar mais rápido; redução de 30% nos engarrafamentos; diminuição de quase 20% nos níveis de gás carbônico; cerca de 47 acidentes diários foram evitados; a oferta de ônibus cresceu 20%. Num primeiro momento, o pedágio urbano melhorou a vida em Londres. O tempo, contudo, colocou em xeque a iniciativa inglesa. Apesar de a prefeitura ter recolhido R$ 3,6 bilhões líquidos com o pedágio urbano e investido-os na melhoria dos transportes coletivos, os engarrafamentos voltaram aos níveis de 2003, o que significou avanço zero em termos de redução da poluição. As explicações para isso são várias - as ruas de Londres estão quase sempre em obras, e os corredores de ônibus e ciclovias traçados reduziram exageradamente a área destinada aos automóveis. A experiência, portanto mostra que a adoção do pedágio urbano exige estudos muito aprofundados 42 // Revista da CAASP / Agosto 2013


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