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Revista da CAASP -- Edição 06

Agosto 2013 / Revista da CAASP // 37 sem necessidade e impossível de ser pago. Mas parece que todos os estádios construídos são assim: impossíveis de serem pagos.” Nesse sentido, ele cita três exemplos. A Arena Amazônia, em Manaus, custará R$ 533 milhões, a Arena Pantanal, em Cuiabá, que custaria R$ 454 milhões, não sairá por menos de R$ 519 milhões, e o Estádio Nacional, em Brasília, que deveria custar R$ 702 milhões e saiu por R$ 800 milhões. “São quase R$ 2 bilhões investidos em locais que não têm demanda para arenas deste porte”, diz. Segundo Juvenal Juvêncio, o estádio do Corinthians também não atrairá o mesmo público que o Morumbi. A arena está sendo construída em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista. “Lá não tem os hotéis, restaurantes e hospitais como há no Morumbi e arredores”, diz. Além disso, a obra estaria sendo feita com recursos públicos e em terreno público, mas a gestão será privada. “Tem tudo para não dar certo”, afirma. “Que garantia o clube oferece a quem emprestar dinheiro? O terreno do estádio é público, não é do Corinthians. Ele não pode oferecer como garantia. É por essa razão que nenhum banco quis ser o agente do empréstimo do BNDES, nem o Banco do Brasil, e tiveram que recorrer à Caixa Econômica Federal, que é do governo. Quem vai pagar essa conta é o povo.” Juvêncio afirma que o projeto corintiano está sendo executado com empréstimo do BNDES e dinheiro público da Prefeitura de São Paulo, de cerca de R$ 500 milhões. “A prefeitura abriu mão de arrecadação futura, em favor de um clube privado”, diz. A operação, que permitiu ao Corinthians vender no mercado créditos tributários da Prefeitura, foi autorizada pela Câmara Municipal, com poucos votos contrários. Um deles foi do médico Marco Aurélio Cunha, que já foi dirigente de importantes clubes de futebol do Brasil, como Bragantino, na sua melhor época, Figueirense, Santos e São Paulo, e conhece profundamente os bastidores do futebol brasileiro. “Essa operação para construir o estádio do Corinthians foi um erro do qual muitos se arrependerão no futuro”, diz. As obras da Arena Corinthians estão sendo executadas por uma empreiteira escolhida pelo clube, a Odebrecht. “Pode não ter havido desvio de recursos, mas não houve licitação para a escolha de quem faria a obra, que, afinal de contas, é feita com dinheiro público. Isso pode não ser ilegal, embora eu ache que é, mas certamente é imoral e atenta contra a probidade administrativa”, diz outro vereador contrário ao projeto, que pede para não ser identificado. Outro lado – Segundo Ivandro Sanchez, advogado do Corinthians, parte dos recursos para construção da Arena Corinthians – R$ 400 milhões – serão provenientes de financiamento de


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