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Revista da CAASP -- Edição 06

Agosto 2013 / Revista da CAASP // 29 anos e diz aos pretendentes : ‘minha festa é cara, a baixela é de prata. Se vocês estão dispostos, aqui está um caderno de encargos’”. As considerações são do jornalista Juca Kfouri, incansável combatente da cartolagem brasileira e mundial. Para servir a Copa 2014 em baixela de prata, o governo brasileiro comprometeu-se a prospectar investimentos privados e a não gastar dinheiro público. O que ocorre, contudo, é o inverso. “Combinou-se que os estádios seriam fruto de investimento privado, e que os investimentos públicos se limitariam aos chamados legados nas 12 cidades-sede. Só que os estádios estão todos sendo financiados com dinheiro público, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), de forma disfarçada, por meio de subsídios e isenção de impostos”, afirma Kfouri. Em 2010, quando divulgou pela primeira vez a estimativa de gastos com reforma e construção de estádios, em um documento chamado Matriz de Responsabilidades, o COL (Comitê Organizador Local), órgão que conduz os projetos relacionados com a Copa do Mundo de 2014, informou que a conta ficaria em R$ 5,4 bilhões, valor suficiente para construir 7.800 escolas de tamanho padrão. Mas não havia motivo para se preocupar. Em 2007, pouco mais de um mês depois do anúncio do Brasil como sede do evento da Fifa, o então ministro do Esporte, Orlando Silva, foi recebido como estrela em uma feira internacional de futebol, a Footecon, realizada no Rio de Janeiro, e disse: “O Brasil não vai gastar nenhum centavo de dinheiro público com construção ou reforma de estádios”. A menos de um ano para a abertura da Copa do Mundo, o Ministério do Esporte, hoje com Aldo Rebelo à frente, reconhece que a conta ficou mais salgada: serão gastos com os estádios cerca de R$ 7 bilhões, dos quais 97% sairão dos cofres públicos. Eis a origem dos investimentos em estádios: R$ 3,7 bilhões financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), R$ 2,7 bilhões a cargo dos governos locais e apenas R$ 612 milhões em recursos privados. Segundo Luiz Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte e representante do governo no COL, o “estouro” deve-se à mudança de alguns projetos, como o que descartou o Morumbi como palco da Copa em São Paulo (leia box sobre o caso). “Em 2010, estava prevista a reforma do Morumbi, depois o projeto mudou para a construção de um novo estádio. Evidentemente, o custo subiu”, diz Fernandes. Dos 12 estádios que abrigarão jogos da Copa do Mundo – ou “arenas”, como prefere a Fifa – quatro são públicos e têm obras a cargo de governos estaduais: Brasília, Manaus, Rio de Janeiro e Cuiabá. A Publíca Agência Câmara Romário: “A maioria das obras é custeada por estados e municípios”


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