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Revista da CAASP - Edição 05

Bastos só entrara em um hospital duas vezes na vida – quando sofreu o acidente de carro, em 1964, e quando ainda era criança, devido a um braço quebrado. Até que em 1996, aos 60 anos, viu o pé direito muito inchado e dolorido. O diagnóstico apontou diabete como causadora do transtorno no membro inferior, decorrente da infecção de uma simples bolha d’água. Antes disso, ele nem sequer suspeitava de que fosse diabético. A gravidade do quadro infeccioso e o grau da diabete até então desconhecida surpreenderam paciente e equipe médica. A infecção se mostrou resistente e ameaçava disseminar-se pelo organismo. Sem alternativa, os médicos optaram pela amputação de parte do pé atingido. “Foi aterrorizante. A anestesia era local e apesar de não conseguir ver, eu conseguia ouvir o serrote”, lembra-se. “Tive que manter meu sangue frio e aguentar firme”. Ele reconhece que foi negligente: “Talvez, se eu tivesse tomado uma providência mais rápida em relação àquela bolha, não teria perdido parte do pé”. Um ano foi necessário para que se recuperasse e se adaptasse à vida com limitações. Tentou recorrer a uma prótese, mas não se adaptou. Com a força de trabalho reduzida, viu-se diante de sérias dificuldades financeiras. Por intermédio de amigos, conheceu a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo e a ela recorreu. Há mais de 16 anos Bastos é assistido pela CAASP. Recebe auxílio mensal, cartão-alimentação e guias para atendimento médico na rede referenciada da entidade. Com essa ajuda, consegue pagar as mensalidades do modesto hotel em que vive sozinho, além de garantir uma boa alimentação e atendimento médico. Também com a ajuda da CAASP, o advogado consegue manter seus laços com o Direito contemporâneo. Bastos visita a livraria da CAASP sempre que pode, para conferir o que há de novo na bibliografia jurídica. Ele diz que hoje seus únicos problemas de saúde são a diabete e a insônia. Apesar de sua médica recomendar o uso de bengala, ele diz não aceitar “por teimosia”. Caminha e equilibra-se razoavelmente sem o equipamento – devagar e sempre. “Passei por boas na vida. Tive de ser forte, e continuo sendo”, analisa-se. Junho 2013 / Revista da CAASP // 49


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